• Após posse para 4º mandato, governador de São Paulo faz críticas indiretas à presidente Dilma em discurso
Pedro Venceslau e Mônica Reolom - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Reeleito no primeiro turno em outubro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aproveitou seu discurso de posse nesta quinta-feira, 1º, no Palácio dos Bandeirantes, para o quarto mandato e criticou indiretamente o governo federal e o PT. No momento em que correligionários e aliados falam abertamente que o tucano é um nome natural para disputar o Palácio do Planalto em 2018, ele fez uma fala com tom mais nacional que local e chegou a usar um mote da campanha de Aécio Neves à Presidência: mudança com segurança.
“O povo paulista - que é a expressão fiel do povo brasileiro - amadureceu; quer a mudança que sabe ser segura”, afirmou. O senador mineiro, porém, não foi citado em nenhum momento.
Em outro trecho do discurso, que durou 22 minutos, Alckmin recorreu a um mote histórico dos tucanos para atacar o PT. “Os brasileiros de São Paulo repudiam o aparelhamento da máquina pública; consideram repugnante a prática política que transforma o Estado num clube”. O governador disse, ainda, que “não é preciso fraudar a boa-fé do povo brasileiro para fazer justiça social”.
Com o discurso duro, que foge ao seu estilo habitual, Alckmin reforçou, segundo aliados, sua posição na trincheira oposicionista e sinalizou que não pretende deixar para Aécio o monopólio das críticas à presidente Dilma Rousseff (PT). “Nesse segundo mandato ele fará um governo mais nacional. Todo governador de São Paulo é sempre um possível candidato a presidente, ainda mais se tiver passado quatro vezes pelo cargo”, explica o vice-governador Márcio França (PSB).
Na disputa presidencial deste ano, o eleitorado de São Paulo foi responsável pelo bom desempenho de Aécio, que recebeu15,3 milhões de votos - ou 64,3% dos votos válidos.
Esse resultado foi citado indiretamente no discurso do governador: “O povo paulista tem rejeitado tanto a ilusão do populismo fácil como o reacionarismo que produz a desigualdade”, disse. Em seguida, ele emendou: “Esse Brasil que está no DNA de São Paulo aprovou mais uma vez o modo de enxergar os desafios com clareza, coragem e objetividade”.
Economia. Seguindo a linha nacional, o governador também usou parte de seu discurso para falar sobre economia. “Todos nós conhecemos os duros prognósticos para a economia nos próximos anos. O País poderá viver dias difíceis. Mas o discurso fácil do pessimismo só é mais fácil que o discurso do otimismo irresponsável, que também já nos custou muito caro”.
Apesar das críticas, o governador pregou a unidade entre o governo e a oposição para fazer as “reformas essenciais”. “Ou 2015 será outro ano perdido”, completou.
O governador fez ainda uma defesa enfática da ação do Estado em contraponto ao “liberalismo extremo e insensível”. “Defendemos e praticamos o Estado necessário, aquele que, sem tomar o lugar do indivíduo, tenha eficiência e musculatura necessárias para resgatar a dignidade dos que mais precisam”, afirmou.
Serra. Diante do auditório lotado, o governador fez uma homenagem ao ex-governador José Serra, que foi seu adversário interno no PSDB e é cotado para disputar o governo paulista em 2018. “É um dia feliz, este, em que presto homenagem a José Serra, grande governador de São Paulo, homem público ousado, guerreiro incansável desde a juventude”, afirmou.
Serra foi um dos poucos quadros nacionais do PSDB que participaram da cerimônia de posse do secretariado no Palácio dos Bandeirantes. Aécio preferiu não vir a São Paulo para o evento.
Antes de sua fala no Palácio dos Bandeirantes, onde seu secretariado foi empossado, o governador participou de uma solenidade na Assembleia Legislativa, onde fez um breve discurso. Na ocasião, concluiu sua fala dizendo que São Paulo “nunca vai virar suas costas para o Brasil”.
Equipe. Pouco mais de 24 horas depois de bater o martelo sobre os nomes que iriam compor seu secretariado, o governador deu posse nesta quinta aos novos titulares das 25 pastas que compõem a administração.
Como foram informados em cima da hora, dois secretários não puderam comparecer ao evento pois estavam fora do Brasil: Floriano Pesaro (PSDB), do Desenvolvimento Social, e Arnaldo Jardim (PPS), da Agricultura. A primeira reunião da equipe acontecerá na manhã de hoje no Palácio dos Bandeirantes.
O PSDB comandará nos próximos anos oito das 25 pastas e controlará 29% do orçamento. Outras nove siglas estão representadas no primeiro escalão da administração: PV, PPS, SD, DEM, PMDB, PSB, PTB e PRB.
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