• Citado por policial federal investigado na Operação Lava Jato, senador eleito pelo PSDB afirma que declaração é 'falsa e absurda' e diz desconhecer doleiro
Marcelo Portela - O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE - O senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) divulgou nota nesta quinta-feira, 8, na qual afirma estar "tomando de forte indignação" por seu nome ter surgido nas investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Apontado pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho como destinatário de R$ 1 milhão enviado pelo doleiro Alberto Youssef na eleição de 2010, o ex-governador de Minas classificou a declaração de "falsa e absurda" e disse estar disposto a participar até de acareação com o agente, um dos alvos da operação ao lado do doleiro.
Segundo reportagem desta quinta do jornal Folha de S.Paulo, o policial afirma que levou o dinheiro a uma casa em Belo Horizonte e que Youssef teria dito que o destinatário era o então candidato do PSDB ao governo do Estado. "Tempos mais tarde, vendo os resultados eleitorais, identifiquei que o candidato que ganhou a eleição em Minas era a pessoa para quem eu levei o dinheiro", diz o policial em depoimento, de acordo com a publicação. Em 2010, Anastasia foi reeleito governador de Minas, cargo que havia assumido meses antes após o correligionário Aécio Neves renunciar ao Executivo para disputar a cadeira que ocupa hoje no Senado.
Anastasia rebateu a afirmação. "Uma acusação falsa e absurda como esta me leva a completa indignação e mesmo revolta. Não sei o motivo de tal inverdade no âmbito desta operação", afirmou o tucano. Para Anastasia, "misturar falsidades com fatos verdadeiros" pode ser "uma estratégia dos culpados" no esquema de desvios envolvendo contratos da Petrobrás.
Nas mesmas declarações o policial federal afirmou o candidato à Presidência da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também recebeu dinheiro do doleiro. Ele negou ter qualquer vínculo com Youssef. A citação a Anastasia está sob análise da Justiça Federal do Paraná e deve ser encaminhada à Procuradoria-Geral da República, já que o tucano, por ser parlamentar, tem direito a foro privilegiado.
"Não conheço este cidadão (Jayme), nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010 não tinha qualquer relação com a Petrobrás", salientou Anastasia.
O tucano observou ainda que receber recursos do esquema de corrupção na Petrobrás causaria "estranheza", já que era "governador de oposição ao governo federal". "Também é muito estranho o alegado encontro de um governador de Estado em uma casa que não é sua, com um desconhecido, para receber dinheiro", argumentou. E declarou ainda que seu único patrimônio "é o moral, não tendo amealhado bens no exercício dos diversos cargos públicos".
Na relação de bens entregue à Justiça Eleitoral, Anastasia declarou patrimônio de R$ 562 mil, sendo R$ 200 mil de um imóvel residencial e o restante de aplicações financeiras. Na nota divulgada ontem o ex-governador afirmou ter constituído advogado para "solicitar o completo esclarecimento do episódio, por todos os meios possíveis, inclusive acareação com o acusador, verificação de qual seria a tal casa, a data deste alegado encontro, o meio de locomoção utilizado e todos os demais elementos para demonstrar, de forma cabal, a inverdade do depoimento".
Leia a íntegra da nota do ex-governador Antonio Anastasia:
"Tomado de forte indignação, reporto-me a notícia publicada hoje pela imprensa que se refere ao depoimento de um policial no âmbito da Operação Lava-Jato, que alega ter entregue a mim dinheiro em 2010.
Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas Gerais não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no Estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal.
Estranha-se assim o motivo da alegada entrega de recursos. Por outro lado, pelo que se vê do dito depoimento, também é muito estranho o alegado encontro de um Governador de Estado em uma casa que não é sua, com um desconhecido, para receber dinheiro.
Por fim, o mais importante, acresço que minha vida pública é bem conhecida dos mineiros. Meu único patrimônio é o moral, não tendo amealhado bens no exercício dos diversos cargos públicos. Sempre tive exemplar comportamento, reconhecido por todos. Uma acusação falsa e absurda como esta me leva a completa indignação e mesmo revolta. Não sei o motivo de tal inverdade no âmbito desta operação, mas sem dúvida misturar falsidades com fatos verdadeiros possa ser uma estratégia dos culpados.
Diante deste depoimento, que tive conhecimento ontem, pelo jornal, já constitui advogado com o propósito de solicitar o completo esclarecimento do episódio, por todos os meios possíveis, inclusive acareação com o acusador, verificação de qual seria a tal casa, a data deste alegado encontro, o meio de locomoção utilizado e todos os demais elementos para demonstrar, de forma cabal , a inverdade do depoimento.
Antonio Augusto Anastasia, senador eleito pelo PSDB-MG "
Colaboração José Roberto Castro
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