Al Qaeda treinou um dos suspeitos de ataque
• Um dos possíveis autores de massacre na França, Said Kouachi foi ao Iêmen em 2011, segundo mídia estrangeira
• Mais de 80 mil homens estão envolvidos na busca por Kouachi e seu irmão, Chérif, em região ao norte de Paris
Graciliano Rocha - Folha de S. Paulo
PARIS e MONTROUGE - Said Kouachi, 34, um dos suspeitos de participar do atentado ao semanário francês "Charlie Hebdo", fez treinamento em um campo da Al Qaeda na Península Arábica, no Iêmen, em 2011.
A informação foi divulgada primeiro pelo jornal "The New York Times", com base em funcionários do governo dos EUA.
Segundo o "Times", ele passou "alguns meses" treinando como manusear armas e atirar, entre outras atividades. Ele e o irmão, Chérif, 32, eram investigados pela inteligência americana por vínculo com grupos terroristas e, por isso, estavam em uma lista de pessoas proibidas de desembarcar nos EUA.
A rede de TV CNN, a agência Reuters e o jornal francês "Le Figaro" também noticiaram o elo de Said com a Al Qaeda.
O governo da França não confirmou a informação. No entanto, a ministra da Justiça, Christiane Taubira, disse à CNN que um dos irmãos Kouachi esteve no Iêmen em 2005, sem dizer qual deles.
No dia do atentado, testemunhas afirmaram que os atiradores teriam dito antes de disparar: "Digam à imprensa que essa é a Al Qaeda no Iêmen."
Nesta quinta, autoridades francesas disseram que Chérif foi preso em 2005 quando tentava embarcar para a Síria, de onde se uniria à Al Qaeda para combater contra as forças dos EUA no Iraque.
Caçada policial
O dia seguinte ao pior atentado terrorista da história recente da França, com 12 mortos, foi de uma intensa caçada aos irmãos Kouachi. Mais de 80 mil homens estão diretamente envolvidos na busca aos suspeitos. A operação se concentra na região da Picardia, no nordeste do país.
Na noite desta quinta (madrugada de sexta na França), o foco estava numa área de floresta de Longpont. Perto dali, em Corcy, um Renault Clio usado na fuga da dupla de Paris teria sido abandonado. Helicópteros sobrevoavam a região para ajudar a iluminar a mata.
Uma testemunha disse ter visto os dois suspeitos em um posto de gasolina no departamento de Aisne. Até a conclusão desta edição, nenhum havia sido encontrado.
Ao menos outras nove pessoas foram detidas nesta quinta, mas autoridades não disseram quais seriam as conexões com os Kouachi.
Também seguia detido Hamyd Mourad, 18, o terceiro suspeito do ataque.
Amigos de Mourad, que seria cunhado de Chérif Kouachi, afirmam que ele estava em aula na hora do atentado e, por isso, é inocente.
Segundo ataque
Enquanto a França acordava chocada com o atentado em Paris, um novo ataque ocorreu por volta das 8 horas locais (5h de Brasília) em Montrouge, um subúrbio ao sul da capital parisiense.
Dois policiais foram alvejados por um homem na rua. Um deles era uma mulher ainda em estágio e desarmada, que morreu; o outro ficou ferido.
Embora o governo afirme que não há relação com a matança do "Charlie Hebdo", a morte da policial foi considerada o segundo ataque terrorista em menos de 24 horas. Duas pessoas foram detidas.
Em todo o país, franceses fizeram, ao meio-dia, um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
O aspecto de pontos turísticos de Paris mudou. As luzes da Torre Eiffel foram apagadas ontem às 20 horas (17 horas de Brasília).
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