Em rara manifestação fora dos autos, juiz afirma ainda que convocação de Lula não significa ‘antecipação de culpa’
U m dia depois de ter autorizado a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento na Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro afirmou ontem, em nota, que “repudia, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja”. O magistrado afirmou ainda que a convocação de Lula não significa “antecipação de culpa” do ex-presidente. A declaração de Moro fora dos autos é uma reação aos protestos de sexta-feira contra a decisão dele de obrigar o petista a depor. Também em nota, o Ministério Público Federal classificou de “cortina de fumaça” a controvérsia gerada com a medida. O PT avalia que a comoção em torno do ex-presidente vai fortalecer o partido na disputa pelas ruas com os grupos em favor do impeachment de Dilma Rousseff, que têm manifestação marcada para o dia 13. P
• Juiz emite nota sobre confrontos de grupos pró e contra o ex-presidente, que foi obrigado pelo magistrado a prestar depoimento em fase da operação para investigar a relação do petista com empreiteiras; partido quer usar apuração para ocupar ruas e defender líderes
Um dia após ter autorizado a condução coercitiva (obrigatória) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento na Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro afirmou, em nota divulgada ontem, que “repudia, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa”. A manifestação do magistrado fora dos autos da operação é uma reação aos protestos ocorridos anteontem contra a decisão dele de obrigar o ex-presidente a depor. O Ministério Público Federal também reagiu contra as críticas à medida.
Os atos foram organizados por militantes do PT e incentivados por Lula em pronunciamentos feitos em São Paulo. O PT avalia que a comoção em torno de Lula vai fortalecer o partido na disputa pelas ruas com os grupos antipetistas e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Dirigentes do partido estimam que as manifestações anti-Dilma, marcadas para o próximo dia 13, sejam maiores do que as do dia 15 de março do ano passado, que reuniram mais de 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, e se preparam para enfrentá-las.
O depoimento obrigatório de Lula na Lava Jato também serviu para reaproximar o ex-presidente de sua sucessora, justamente no momento em que Dilma buscava ampliar seus canais de interlocução com a oposição e se afastava do PT.
Ontem, Dilma esteve em São Paulo para se encontrar com Lula, que passou a manhã em seu apartamento em São Bernardo do Campo (ABC paulista). Petista histórico, Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro de Lula, alerta que o ex-presidente precisa dar explicações. “O Lula abriu um guarda-chuva enorme. Veio um amigo daqui, um amigo dali, que criaram situações. Agora, cabe a ele explicar, com toda a franqueza”, diz Dutra. Conforme mostrou a operação Aletheia, fase da Lava Jato deflagrada anteontem, a empreiteira OAS, uma das implicadas no esquema de corrupção e de desvios da Petrobrás, pagou R$ 1,3 milhão pelo armazenamento de bens do ex-presidente em um guarda-móveis. A empresa de mudanças Granero confirmou ter recebido o valor da empreiteira e disse ter entregado parte da mudança de Lula no sítio de Atibaia(SP), que a investigação suspeita estar em nome de dois laranjas. Lula negou as acusações.
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