Com ex-presidente barrado, mas com programa liberado, partido fala em ‘golpe’
Matheus Lara, Ricardo Galhardo, Marianna Holanda e Amanda Pupo | O Estado de S. Paulo
Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, o PT atacou ontem o Judiciário na TV e nas ruas, insistindo no nome do ex-presidente no jogo eleitoral. No primeiro programa gratuito, o partido classificou a decisão do TSE “como mais um duro golpe” contra a “vontade do povo” e deu mais espaço para Lula do que para seu provável substituto como candidato, o ex-prefeito Fernando Haddad. Os dois dividiram o protagonismo sem que ficasse indicado claramente quem é o presidenciável. Em Garanhuns (PE), Haddad convocou a militância petista a resistir. Na sessão que terminou na madrugada de ontem, o TSE deu dez dias de prazo para troca da chapa, mas autorizou a veiculação do programa do PT desde que Lula não aparecesse como candidato.
Depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou o registro da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato –, o PT manteve o discurso em favor dele e atacou a Justiça no programa eleitoral na TV e nas ruas, insistindo na postulação do ex-presidente.
Em Garanhuns (PE), o ex-prefeito Fernando Haddad, provável substituto de Lula nas urnas, pediu empenho da militância na defesa do ex-presidente. No palanque eletrônico, Lula, ao lado de Haddad, foi o protagonista, mas teve mais exposição que o vice da chapa petista.
A propaganda da sigla foi aberta com uma mensagem que classificava a decisão do TSE como “mais um duro golpe” contra “a vontade do povo”. “A coligação ‘O Povo Feliz de Novo’ vai entrar com todos os recursos pelo direito de Lula de ser candidato.”
Em uma declaração exibida no programa, o ex-presidente também atacou, sem especificar casos, as decisões judiciais. “Sei como vou passar para História. Não sei como eles vão passar. Se eles vão passar como juízes ou algozes.”
Ontem, uma ala do PT defendeu usar todo o prazo de dez dias determinado pela Corte para só então oficializar Haddad. O objetivo é tentar criar uma nova instabilidade jurídica no pleito. Outro grupo quer a troca imediata da candidatura.
Em sessão extraordinária que durou mais de dez horas e terminou na madrugada de ontem, o TSE, barrou por 6 votos a 1 o registro da candidatura de Lula e deu um prazo para a troca da cabeça de chapa. A Corte, porém, autorizou a veiculação do programa presidencial do PT no horário eleitoral, desde que o ex-presidente não apareça como candidato. No programa, a imagem de Lula apareceu por 44 segundos contra 30 de Fernando Haddad.
Por 5 a 2, os ministros haviam determinado que o partido não veiculasse a propaganda eleitoral até a troca do presidenciável, mas, ao fim da sessão, a Corte Eleitoral, em reunião fechada, reviu a decisão e liberou o horário eleitoral da legenda.
No programa do rádio, veiculado a partir das 7h de ontem, Lula foi apresentado como presidenciável porque após decisão do TSE ocorreu num prazo inferior ao mínimo de seis horas de antecedência para a veiculação.
Em Pernambuco, Haddad manteve o discurso usado pelo PT na TV. Atacou a decisão do Judiciário e convocou os apoiadores petistas a resistir: “A Justiça Eleitoral neste caso talvez não seja a última palavra”. Depois, afirmou: “Não existe presidente sem vice, estou aqui cerrando fileiras com o Lula como todos vocês”.
Lula foi condenado no ano passado pelo juiz federal Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP). A sentença foi confirmada, em janeiro deste ano, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que ampliou a pena para 12 anos e 1 mês de prisão. Ele foi preso em abril e em agosto o PT registrou a candidatura do ex-presidente no TSE.
Com boa parte das imagens gravadas na frente da sede da Polícia Federal em Curitiba, Haddad disse no programa que fazia “um juramento de lealdade a Lula”.
TV. Na estreia do horário eleitoral, candidatos adotaram estratégias distintas. Líder nas pesquisas de intenção de voto sem a presença de Lula, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro – com poucos segundos disponíveis – disse apenas estar “rumo à vitória” e defendeu “a família e a Pátria”.
Com o maior tempo de exposição – 5,32 minutos –, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) fez críticas a Bolsonaro, que rebateu pelas redes sociais, e pregou um discurso de reconciliação. A propaganda foi iniciada por Marina Silva (Rede) que exaltou as mulheres. “Juntas somos fortes”. Ciro Gomes (PDT) falou em mudança e Henrique Meirelles (MDB) se apresentou citando e mostrando uma imagem de Lula.
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