O Globo
O presidente Jair Bolsonaro vetou a
inscrição de Nise da Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Alegou
que a homenagem, aprovada pelo Congresso, seria contrária ao interesse público.
A psiquiatra dedicou a vida a humanizar o
tratamento de pacientes com transtornos mentais. Formada em 1926, rebelou-se
contra os métodos agressivos da época, como o choque elétrico, a lobotomia e o
enclausuramento.
No Centro Psiquiátrico Pedro II, que seria
rebatizado com seu nome, Nise revolucionou as técnicas de terapia ocupacional.
Os pacientes foram estimulados a trocar a vassoura pelo pincel. Em vez de
passarem o dia varrendo o pátio, exercitavam a imaginação em ateliês de
pintura.
A experiência resultou na criação do Museu
de Imagens do Inconsciente. As obras de arte produzidas no Engenho de Dentro
rodaram o mundo e foram estudadas por Carl Gustav Jung, fundador da psicologia
analítica.
A vida de Nise inspirou filmes, livros e teses acadêmicas. Ela morreu em 1999, consagrada como referência da luta antimanicomial. Vinte e três anos depois, sua memória é aviltada por um presidente que despreza a ciência e exalta a tortura.
O veto de Bolsonaro foi publicado no Diário
Oficial de quarta-feira. No mesmo dia, três agentes da Polícia Rodoviária
Federal torturaram e mataram Genivaldo de Jesus Santos, diagnosticado com
esquizofrenia.
O ato bárbaro ocorreu em Umbaúba, no
interior de Sergipe, diante de dezenas de cidadãos. Um sobrinho avisou que o
homem sofria de transtornos mentais, mas foi ignorado pelos policiais.
Genivaldo foi parado numa blitz quando
dirigia sem capacete. Ele desceu da moto e obedeceu à ordem para pôr as mãos na
cabeça. Mesmo assim, ouviu insultos, levou pontapés e foi jogado no chão. Em
seguida, os agentes o arremessaram no porta-malas da viatura, onde despejaram
gás lacrimogêneo e spray de pimenta. O compartimento virou uma câmara de gás,
onde o homem se debateu por cerca de 15 minutos até morrer sufocado. Ele deixou
mulher e filho de 7 anos.
Em nota, a PRF disse que os agentes usaram
“instrumentos de menor potencial ofensivo” e atribuiu a morte a um “mal
súbito”. A farsa foi desmontada porque testemunhas filmaram o assassinato com
câmeras de celular.
O Código de Trânsito Brasileiro pune os
motociclistas que trafegam sem capacete com multa de R$ 293,47 e suspensão do
direito de dirigir. No acostamento da BR-101, essas sanções foram trocadas pela
pena de morte instantânea.
Na véspera do crime, a PRF participou da
operação que deixou 23 mortos na Vila Cruzeiro. O presidente elogiou a chacina
e chamou seus autores de “guerreiros”. No país que elege Bolsonaro e massacra Genivaldo,
não há espaço para a doutora Nise no Panteão da Pátria.
Universidade para poucos
O Brasil não é para amadores. Gente que
nunca se importou com os cortes nas universidades públicas agora diz que elas
precisam urgentemente de dinheiro... dos estudantes.
A emenda que institui a cobrança de
mensalidade é do deputado General Peternelli. O bolsonarista já fez 435
discursos ou apartes na Câmara. Nenhum tratou das finanças do ensino superior.
Num acesso de sinceridade, o ex-ministro
Milton Ribeiro resumiu a visão do governo sobre o assunto: “Universidade
deveria, na verdade, ser para poucos”.
Um comentário:
Bolsonaro adora andar de moto sem capacete e nenhum policial o critica,o outro perdeu a vida por isso.
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