Quando o então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, entregou seu pedido de demissão à presidente Dilma Rousseff, em dezembro de 2011, em meio a uma série de irregularidades na pasta, a petista vendia ao Brasil a imagem de que era responsável por uma verdadeira “faxina” ética no Planalto e não tolerava o que qualificou como “malfeitos” de seus subordinados. Menos de dois anos após o escândalo que abateu o aliado, o Ministério do Trabalho volta às páginas policiais como reduto de uma organização criminosa.
Essa organização teria fraudado licitações, superfaturado contratos e desviado dinheiro público em11 estados e no Distrito Federal, causando um prejuízo de R$ 400 milhões ao erário. A partir da Operação Esopo, deflagrada pela Polícia Federal, foram emitidos 25 mandados de prisão e 44 de busca e apreensão em empresas, órgãos públicos e residências dos acusados. De acordo com as investigações, o dinheiro era direcionado para o Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), organização que prestaria serviços de qualificação profissional, mas não passava de uma entidade de fachada.
Entre os investigados, estão o secretário- executivo do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto dos Santos Pinto, que pediu demissão, e o assessor Anderson Brito, que se entregou à polícia. Ambos haviam sido dispensados após a queda do ex-ministro, mas foram readmitidos pelo atual chefe da pasta, Manoel Dias, nomeado por Dilma em março deste ano para atender aos interesses das alas do PDT controladas por Lupi. Outra envolvida é Simone Vasconcelos, condenada amais de 12 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal por envolvimento no mensalão. Ex-diretora financeira da SMP&B, ela trabalhava para Marcos Valério, o operador do esquema, e agora é suspeita de ter fornecido notas frias de locação de veículos para um dos projetos do IMDC.
O descalabro no Ministério do Trabalho, símbolo perfeito do loteamento de cargos e palco de escândalos de corrupção em série desde o governo Lula, comprova que a faxina anunciada por Dilma logo no primeiro ano de mandato não passou de uma falácia destinada a aumentar seus índices de popularidade. Pela primeira vez, a Polícia Federal vem investigando mais episódios de corrupção no seio do governo do que casos envolvendo tráfico e contrabando de drogas, o que revela o tamanho do buraco ético e moral no qual os petistas se afundaram.
Além dos R$ 400 milhões que escorreram pelos ralos da corrupção no Ministério do Trabalho, vieram à tona os R$ 36 milhões em convênios firmados com ONGs pela Fundação Banco do Brasil, vinculada ao Ministério da Fazenda e controlada pelo PT. Segundo “O Estado de S. Paulo”, muitas dessas parcerias foram feitas com organizações ligadas ao partido e familiares de seus dirigentes. A corrupção sem fim nos governos de Lula e Dilma mostra que os petistas não aprenderam nada após o mensalão.
Ao contrário, a desfaçatez só aumentou, assim como a irresponsabilidade no trato coma coisa pública, o desrespeito às instituições e o vale-tudo pela perpetuação no poder. A faxina de fachada encampada pela presidente, que só jogou lama para debaixo do tapete, é só mais um capítulo tenebroso escrito por aqueles que se locupletam, de forma desavergonhada, há mais de dez anos.
Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Fonte: Brasil Econômico
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