Taxa de otimismo do brasileiro cai pela primeira vez desde 2009, revela Ibope
Opinião pública. No Brasil, os que acham que o ano de 2014 será melhor que 2013 são 57%, índice 15 pontos porcentuais menor em relação à pesquisa anterior; diminuição reflete pessimismo com a economia; levantamento foi feito em 65 países e média mundial é de 48%
José Roberto de Toledo
No ano que a presidente Dilma Rousseff tentará se reeleger, o otimismo do brasileiro está 17 pontos menor do que quando a petista assumiu a Presidência da República. Segundo pesquisa do Ibope, 57% esperam que 2014 seja melhor do que 2013. Apesar de elevada, a taxa caiu pela primeira vez em anos. Na pesquisa anterior, os otimistas eram 72% - mesmo patamar de 2011 (74%), 2010 (73%) e 2009 (74%), pela margem de erro.
O pessimismo praticamente dobrou nos últimos 12 meses. Agora, 14% acham que 2014 será pior do que 2013. Um ano antes, só 8% achavam que 2013 seria pior do que 2012. Os restantes 24% apostam que este ano será igual ao anterior (eram 17%).
Há diferenças regionais importantes no otimismo dos brasileiros. Ele é muito maior no Norte/Centro-Oeste (69%) e Nordeste (67%) do que no Sudeste (47%). Destaca-se nas capitais (61%) e murcha nas cidades das periferias das metrópoles (52%). É a marca dos jovens com menos de 25 anos (64%) e dos mais ricos (72%).
Levantamento. A pesquisa do Ibope faz parte de um levantamento global de opinião pública realizado em 65 países pela rede WIN, que reúne alguns j dos maiores institutos de pesquisa do mundo.
Apesar da diminuição das expectativas de melhora, o Brasil ainda aparece em 7.0 lugar no ranking das nações mais otimistas. À frente do Brasil aparecem outros dois Brics: Índia, com 67% apostando num 2014 melhor do que 2013, e China, com 59% de otimistas. Os demais emergentes dos Brics, África do Sul (com 50%) e Rússia (26%), ficam bem atrás em suas taxas.
O otimismo do brasileiro também é maior do que o dos norte-americanos. Nos EUA, só 35% acham que 2014 será melhor que 2013, contra 30% que acham que será pior, e 28%, que será igual.
O Brasil também se manteve nove pontos acima da percepção global. Na média dos 65 países pesquisados, 48% apostam que 2014 será melhor que 2013, ante 57% no caso dos brasileiros. Os países mais otimistas são Geórgia (73% acham que2014 será melhor do que 2013), Arábia Saudita (72%) e Fiji (70%).
Os pessimistas são 20% da população global. Eles se concentram em países como Portugal (57% apostam quem 2014 será pior que 2013), Grécia (56%) e Bósnia (50%). O "mais do mesmo" se destaca na Coreia do Sul (61% acham que 2014 será igual a 2013), Filipinas (60%) e Islândia (59%). A taxa também é alta na Argentina: 45%.
Explicação. A diminuição do otimismo no Brasil se explica principalmente pelo bolso. Em comparação ao ano passado, caiu o otimismo com a economia. Só 49% dos brasileiros acreditam que 2014 terá maior prosperidade econômica. Em 2011 e 2012 as taxas foram 60% e 57%.
À queda da proporção de quem aposta na melhora correspondeu um crescimento dos pessimistas: 21% acham que será um ano de maior dificuldade econômica. Essa taxa era de 12% no ano anterior.
Falta de otimismo é um tema que incomoda a presidente. Em pronunciamento no fim de 2013, Dilma criticou os pessimistas: "Se mergulharmos em pessimismo e ficarmos presos a disputas e interesses mesquinhos, teremos um país menor".
Não foi a primeira vez. Em outras 11 vezes, a partir de 2012, a crítica ao pessimismo e sua atribuição à imprensa se incorporou ao discurso presidencial.
Em abril daquele ano, durante cerimônia de lançamento da retomada da produção nacional de insulina no Brasil, a presidente criticou o que chamou de "pessimismo de plantão". "É um pessimismo especializado, um pessimismo de plantão, que nunca olha o que nós já conquistamos", disse Dilma na ocasião. E, três meses mais tarde: "A informação parcial (...) confunde a opinião pública. Visa criar um ambiente de pessimismo que não interessa a nenhum de nós - governo, sociedade, empresários, trabalhadores. Não é bom para o Brasil", afirmou. Em dezembro de 2013, novas cargas. "É importante também lembrar nosso presidente Juscelino Kubitschek, quando dizia: "O otimista pode errar, pode até errar, mas o pessimista já começou errado".
Talvez a causa do aumento do pessimismo seja o fato de que menos pessoas estão satisfeitas com suas vidas. Na pesquisa anterior, eram 81% os brasileiros satisfeitos. Agora são 71%.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário