Igor Gielow | Folha de S. Paulo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pediu o fim da rebelião da seção paulista do PSDB contra o governo de Michel Temer (PMDB). O tucano quer o partido unido na defesa do presidente, que enfrenta grave crise política decorrente da delação da JBS no âmbito da Operação Lava Jato.
Em jantar realizado com seis dos principais prefeitos tucanos do interior, na noite de quinta (1) no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin pediu que eles usassem sua influência para esvaziar o encontro marcado para a próxima segunda (5), no qual o Diretório Estadual do partido pretendia anunciar o rompimento com Temer. O presidente deverá encontrar o governador neste fim de semana.
Estiveram no encontro os prefeitos de Santos, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Jundiaí e Piracicaba, além do presidente da Assembleia Legislativa, Cauê Macris, e do secretário de Governo, Samuel Moreira. O sétimo convidado, Paulo Serra (Santo André), estava viajando.
A "ordem unida" decorre da leitura de Alckmin de que, por ora, o governo Temer resiste ao vendaval de denúncias. Na avaliação do governador, há clima em Brasília inclusive para a absolvição do peeemdebista no julgamento da chapa em que foi eleito como vice em 2014, o que tiraria muito da pressão sobre o Planalto.
A orientação de Alckmin sinaliza uma mudança visando o pleito de 2018. Se há apenas uma semana ele lançou o senador Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como "grandes nomes" para uma eventual eleição indireta que decorreria da queda de Temer, agora ele acredita que o peemedebista pode ter condições de ser manter no cargo e, principalmente, que isso lhe favorece.
Segundo o grupo de Alckmin, a realização de indiretas agora embaralharia todo o xadrez sucessório, dando uma força desproporcional ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que hoje seria favorito entre os cerca de 70% de deputados do baixo clero da Casa —que concentra 86% dos votos num Colégio Eleitoral.
Mesmo que fosse eleito vice-presidente, o DEM teria naturalmente preponderância na composição de acertos para 2018. Alckmin, que ainda alimenta pretensão de ser candidato apesar de estar sob investigação na Lava Jato, prefere replicar o acerto que mantém em São Paulo com o PSB. Avalia que as indiretas poderiam tirá-lo de vez do jogo sucessório.
A revolta paulista contra Temer segue uma linha no Congresso, onde os "cabeças-pretas", deputados mais jovens e sem influência na cúpula, ameaçam também romper com o Planalto. A sigla trabalha com defecções a partir do julgamento no TSE, mas o movimento de Alckmin indica que haverá um trabalho para desmontar o impacto disso no curto prazo.
A partir de sua chefia, o PSDB mantém a intenção de ir com Temer até o limite de uma cassação, mas não mais. Outra linha de corte é o surgimento de algum fato novo altamente comprometedor para a defesa do presidente no inquérito que responde no Supremo Tribunal Federal.
A ordem no PSDB é esfriar o debate sucessório, dado o insucesso na articulação entre partidos aliados do Planalto em ungir um nome de consenso. FHC, por exemplo, embarca neste sábado (3) para os EUA, acompanhando à distância a crise.
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