Dilma e o americanismo
A presidente Dilma Rousseff fala hoje na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). É de praxe o Brasil abrir os trabalhos, desde a constituição do organismo internacional, após a Segunda Guerra Mundial. Uma espécie de reconhecimento pela participação dos nossos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no conflito contra o Eixo. A novidade do pronunciamento será a subida de tom contra os Estados Unidos, por causa das denúncias de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) no Brasil.
Dilma mira o público interno, de olho nas eleições do ano que vem, e também a política internacional. Os Estados Unidos, cuja hegemonia está em declínio, já não conseguem fazer o que querem, quando querem e como querem como xerifes da atual ordem mundial. Um pouco porque os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) já não endossam a unipolaridade ianque, outro tanto porque a Rússia, que reassumiu o protagonismo, e a China, cada vez mais forte economicamente, com poderes de veto, não deixam. A guerra civil na Síria reflete esse empate.
O Brasil tira casquinha nessa briga de cachorro grande, desde o fim do governo Lula, quando houve o acordo com a Turquia e o Irã. Devido à espionagem norte-americana, que atingiu a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras, o desentendimento com os Estados Unidos parece mudar de patamar. O cancelamento da visita de Estado à Casa Branca, que estava prevista para outubro, afastou Dilma do presidente Barack Obama. Pode ser que o encontro de ontem, com Bill Clinton, seja a senha de que há mais jogo de cena do que conflito nisso. O discurso de hoje, porém, é que vai dizer. O Brasil é mais ligado ao Ocidente do que ao Oriente, e o americanismo está arraigado no estilo de vida dos brasileiros. Por isso mesmo, por mais duro que seja o discurso, o Brasil manterá fortes laços com os Estados Unidos.
Reforma
O presidente do PT, Rui Falcão, resolveu enquadrar o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), por causa da reforma política. Coordenador do grupo de trabalho da Câmara que elabora as propostas de mudança, Vaccarezza está sendo pressionado a encampar as propostas aprovadas pela cúpula da legenda, como o financiamento público de campanha e o plebiscito.
Jogo duro
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), resolveu fazer valer o Regimento da Casa sobre as medidas provisórias e devolveu a MP 617, que desonera o transporte coletivo, para a Comissão Mista que a examinou. A matéria chegou depois do prazo de 15 dias para apreciação e vai caducar na sexta-feira.
Esplanada
Muita movimentação de bastidores no governo por causa da reforma ministerial, prevista para o começo do próximo ano. A saída do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB), que está demissionário, precipitou o debate sobre as mudanças. Não é só o PMDB que anda de olho na vaga, a bancada do PT também quer aproveitar o momento para aumentar a influência no governo.
Candidatos
Por causa das eleições, é certa a saída dos ministros da Saúde, Alexandre Padilha, que será candidato a governador de São Paulo; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que concorrerá ao Executivo de Minas Gerais; da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que disputará o governo do Paraná; e de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que tentará cadeira no Senado por Santa Catarina. Todos petistas.
Dúvida cruel
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo (foto), do PCdoB, não sabe se fica na pasta ou se volta para a Câmara na reforma ministerial. É uma decisão difícil do ponto de vista pessoal, pois a permanência significará abrir mão de um mandato parlamentar. Aldo é deputado por São Paulo desde a Constituinte de 1987.
Se puder, fica
Leônidas Cristino foi desautorizado pela cúpula do PSB a permanecer na Secretaria de Portos, mas o ministro não deseja sair da pasta. Seu futuro está nas mãos do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que pode mantê-lo no posto e romper com a legenda. Cristino, porém, é uma das opções dos irmãos Gomes para o governo do Ceará.
Regressiva// Contagem regressiva para Marina Silva (Rede) e José Serra (PSDB) decidirem se serão candidatos. A primeira corre o risco de ficar sem legenda, o segundo pode desistir de tomar o lugar de Aécio Neves como candidato tucano ao Planalto.
Partidos/ O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decide hoje se aceita os registros dos partidos Solidariedade, do deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP); e Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. Tem ainda o Partido Republicano da Ordem Social (Pros), que também terá o registro apreciado.
Disputa acirrada/ Os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), que já conquistou quatro edições, e Eduardo Suplicy (PT-SP), vencedor do ano passado, estão empatados na disputa pelo título de Melhor Senador, do Prêmio Congresso em Foco, que será anunciado na quinta-feira.
Fonte: Correio Braziliense
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