Em nota, partido afirma que manterá cargos em Estados administrados por socialistas caso haja 'compatibilidade'
Decisão foi anunciada após dirigente petista ter se encontrado com ex-presidente na sede de seu instituto
Diógenes Campanha e Marina Dias
SÃO PAULO - Após intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT decidiu ontem que deverá manter os cargos que ocupa em Estados comandados pelo PSB, desde que haja "compatibilidade de programas" entre as duas siglas, e divulgou resolução afirmando esperar que os socialistas continuem aliados ao governo Dilma Rousseff.
O tema foi discutido durante todo o dia pela Executiva nacional do PT em São Paulo. O presidente do partido, Rui Falcão, que defendia a entrega dos cargos, deixou a reunião no final da manhã para se encontrar por uma hora com Lula.
O ex-presidente prega a necessidade de manter aberto o diálogo com o PSB, que na semana passada anunciou que deixará os dois ministérios que ocupa no governo Dilma: Integração Nacional e Secretaria dos Portos.
O desembarque socialista foi mais um gesto em direção à candidatura do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, ao Palácio do Planalto em 2014.
Desde a última quarta-feira, quando o PSB anunciou sua saída da Esplanada, há a expectativa de que o PT possa entregar os cargos que ocupa nos governos de Pernambuco, Ceará, Amapá, Espírito Santo e Piauí.
Em resolução divulgada no final da tarde de ontem, o PT afirmou que "os cargos estão sempre à disposição" e que "deve prevalecer o debate programático" tanto nos Estados comandados pelo PSB quanto nas administrações petistas das quais os socialistas fazem parte, como Bahia e Rio Grande do Sul.
"Estamos dizendo isso: onde tiver compatibilidade de programas, nós queremos continuar atuando juntos", disse Rui Falcão, em entrevista após a reunião com Lula.
O presidente do PT também declarou que a decisão de Campos é "legítima" e destacou o fato de o pernambucano ter dito que o partido continuaria votando com o governo Dilma no Congresso.
Reforma política
A reunião entre Falcão e Lula, um almoço na sede do instituto do ex-presidente, também contou com a presença do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Durante o encontro, os petistas discutiram em clima bastante tenso a proposta de reforma política em gestação no grupo de trabalho da Câmara sobre o tema, coordenado por Vaccarezza.
Falcão se posicionou contrário à proposta aprovada no Senado na semana passada, que não muda as regras de financiamento de campanha, principal bandeira de Lula e do PT, e disse que o partido não irá apoiar a minirreforma liderada pelo deputado.
No final do dia, a Executiva do PT divulgou um documento dizendo-se contra a proposta que segue para votação na Câmara nesta semana. O texto aconselha a bancada do PT a apresentar substitutivos à reforma em curso e a obstruir as matérias, caso sejam levadas a plenário.
Vaccarezza, que nega ter sido este o teor da conversa, foi indicado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para coordenar o grupo de trabalho contra a vontade da bancada petista. Desde então, o PT diz que o deputado não representa a sigla no que diz respeito à reforma.
Fonte: Folha de S. Paulo
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