- Folha de S. Paulo
Preconceito contra nordestinos é mais um indicativo de pequenez de espírito
O Maranhão é um estado muito necessitado. É o 11º mais populoso e tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano do país.
Jair Bolsonaro nunca deu um pio que seja no sentido de buscar solução para as mazelas de lá ou de outros lugares, vide a sua concepção sobre a fome no Brasil. Certamente imagina que esse tipo de situação mistura coitadismo com dados fraudados pelos comunistas do IBGE.
Ocupa muito mais a cabeça do presidente a miudeza eleitoral, a ninharia política, a futilidade ideológica.
“Não tem que ter nada pra esse cara”, disse em áudio captado momentos antes da conversa com jornalistas estrangeiros, na semana passada.
Ocorre ao presidente que o “nada” que ele decreta para o governador do PC do B, Flávio Dino, afetará também os mais de 7 milhões de moradores do Maranhão, muitos deles eleitores do “mito”? Cada vez mais ele tenta dividir o país entre “o povo” —seus apoiadores— e o resto, que em sua visão não passa de um bando de saudosistas de Lula loucos para infiltrar uma serrinha tico-tico na carceragem de Curitiba.
À mesquinharia político-eleitoreira, Bolsonaro ainda acrescentou preconceito. É comovente ver sabujos espancando a metonímia da prosódia da prosopopeia para sugerir que, ao falar em “governadores de paraíba”, Bolsonaro quis, talvez, exaltar o bravo e digno povo paraibano.
Nestes quase sete meses, o presidente já deu indicativos variados de pequenez de espírito. Aos grandes e complexos problemas do Brasil, responde ocupando seu tempo com batatadas sobre pesca, importação de frutas tropicais, filhotismo, nióbio, golden shower, BrunaSurfistinha, as multas da Rio-Santos ou as agruras da classe média emFernando de Noronha. E dezenas de milhões seguem à deriva enquanto o presidente discute bananas e tilápias.
Agora, com a prometida discriminação aos “governadores de paraíba” —e, consequentemente, à população nordestina—, empresta mais uma acepção à mesquinharia com a qual vem marcando seu governo.
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