segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Catarina Rochamonte - O impacto Sergio Moro

Folha de S. Paulo

Ex-juiz apresentou um belo esboço de projeto para o Brasil

A solenidade de filiação de Sergio Moro ao Podemos, indicando possível candidatura a presidente, estremeceu o cenário político; especialmente por causa do discurso do novo presidenciável, que surpreendeu a todos, entusiasmando os adeptos e desnorteando os adversários. Indo além da questão do combate à corrupção, Moro apresentou um belo esboço de projeto para o Brasil, cuja efetiva construção irá requerer a adesão de muitas mãos.

A entrada de Moro no xadrez eleitoral despertou a esperança de uns e atiçou o ódio de outros. O amplo arco de interesses em defesa da impunidade que atira flechas no ex-juiz vai desde um ministro do STF, Gilmar Mendes, até políticos condenados por corrupção, como Eduardo Cunha.

Após o discurso de Sergio Moro, lulistas e ciristas, embora tontos, uniram-se aos seus congêneres bolsonaristas em ataques renovados contra o desafeto comum, numa escala crescente de fúria e desvario. Escolados na arte do insulto nas redes sociais, esmeram-se também na construção de narrativas capciosas.

Ultimamente, temos testemunhado uma campanha sem tréguas de inversão de valores que tenta transformar em carrascos os que fizeram cumprir a lei e em vítimas os que saquearam o Brasil. Agora, a intelligentsia bolsopetista, meio desesperada, inverte uma clara relação de causa e efeito para tentar colar a bobagem de que Moro sempre agiu com propósitos políticos.

O fato é que o trabalho da Lava Jato em prol da justiça está sendo desfeito por um poderoso conluio jurídico-político e Moro resolveu colocar seu nome na disputa presidencial para, dentre outras coisas, insistir na defesa da justiça e da lei.

Com a entrada de Moro na disputa, o quadro político pré-eleitoral sofreu impacto. Se este impacto vai se resolver em crescimento consistente da sua candidatura ou vai se diluir em desânimo —consagrando a polarização dos projetos extremos e atrasados da direita bolsonarista e da esquerda lulista— é o que vamos descobrir.

Nenhum comentário: