O sítio de Atibaia, frequentado pelo ex-presidente Lula, será fiscalizado pelo governo de SP por suspeita de irregularidades ambientais. O lago do sítio, que integra Área de Preservação Ambiental, foi ampliado em 2010, informa Silvia Amorim.
Sítio usado por Lula será fiscalizado por obras de ampliação em lago
• Imagens revelam mudanças no reservatório, suspeitas de irregularidades ambientais
Silvia Amorim - O Globo
SÃO PAULO - O sítio usado 111 vezes pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia, interior de São Paulo, será alvo de uma fiscalização do governo paulista por suspeita de irregularidades ambientais na reforma da propriedade, que começou no final de 2010. Imagens de satélite indicam que as obras de ampliação do imóvel chegaram ao lago do sítio, um dos locais preferidos do ex-presidente, que tem a pescaria como principal hobby.
Pelas imagens é possível identificar que o reservatório foi esvaziado em junho de 2012 e, em dois meses, uma estrutura em uma das bordas do lago, que parece ser um píer, foi construída. Há suspeitas de que o lago tenha sido aumentado.
Um documento apreendido pela Lava-Jato mostra que o sítio Santa Bárbara tem uma parte dos seus 173 mil metros quadrados em Área de Preservação Permanente (APP). Nesses casos, a legislação determina que intervenções em locais com nascentes e cursos d'água, mesmo dentro de propriedades privadas, só podem ser feitas mediante autorização dos órgãos ambientais competentes porque é preciso preservar a vegetação no entorno de recursos hídricos. Em São Paulo, os órgãos são a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee).
O Daee, após consulta do GLOBO ontem, informou que não recebeu desde 2010, quando a propriedade foi comprada por dois sócios de um dos filhos de Lula, nenhum pedido de autorização referente ao uso da água do lago para qualquer finalidade. Há rumores de que um tanque de peixes tenha sido construído no sítio. O órgão comunicou que fará uma fiscalização no local nos próximos dias.
A reportagem apurou junto à Cetesb que, no mesmo período, não houve solicitação dos proprietários do sítio Santa Bárbara para modificações na estrutura do lago.
O sítio pertence a Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho e é investigado pela Lava-Jato e o Ministério Público de São Paulo porque teria passado por reformas custeadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht como um agrado ao ex-presidente. Relatórios de viagem da Presidência da República foram divulgados esta semana pela revista “Época” e mostraram que Lula viajou 111 vezes a Atibaia entre 2012 e janeiro deste ano. A mulher do ex-presidente, Marisa Letícia, comprou até um barco de R$ 4,1 mil em São Paulo e mandou entregá-lo no endereço do sítio, segundo revelou o jornal “Folha de S. Paulo” no sábado.
Antes de Suassuna e Bittar comprarem a propriedade, o local pertencia a Adalton Santarelli. Um antigo parente dele diz ter certeza, pelas imagens do sítio divulgadas pela imprensa após a reforma, que houve uma obra para ampliação do lago. A família foi dona do local entre 2002 e 2010.
Antes de receber as constantes visitas de Lula, o sítio era frequentado por moradores do Bairro Portão e do Clube da Montanha, áreas vizinhas. Um engenheiro que mora na região contou ao GLOBO que sabia da existência do lago pelo menos desde 2000.
— É muito comum o pessoal fazer lagos com água de nascente aqui na região — disse o engenheiro, que pediu para não ser identificado.
O GLOBO procurou o advogado de Bittar e Suassuna, Roberto Teixeira, mas ele não retornou. O Instituto Lula também não se manifestou.
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