quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Divisões internas reduzem número de candidaturas tucanas nas capitais

Fernando Taquari – Valor Econômico

SÃO PAULO - A estratégia do PSDB de lançar o maior número de candidatos próprios nas capitais na eleição deste ano para aproveitar o momento de fragilidade do PT perdeu força com o impeachment de Dilma Rousseff e a volta do partido ao governo federal depois de 14 anos na oposição. Com divisões internas e de olho na sucessão presidencial de 2018, os tucanos optaram por abrir mão de candidaturas com pouca viabilidade nas capitais para compor com aliados.

A tática acabou por vitimar a candidatura à Prefeitura de Goiânia (GO) do deputado federal Giuseppe Vecci. Em baixa nas pesquisas e sem alianças, o parlamentar divulgou nota ontem para anunciar sua desistência. A decisão, segundo interlocutores, foi articulada em conjunto com o governador Marconi Perillo, próximo ao presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Fiador da candidatura de Vecci, Perillo não conseguiu unir sua base aliada em torno do afilhado político e preferiu trabalhar por um nome de consenso.


Das 26 capitais, os tucanos terão candidatura própria em 12, cinco a menos do que em 2012. Trata-se do segundo menor número desde 2000. A menor participação de candidatos do PSDB na cabeça de chapa ocorreu em 2008 (10). "A nossa polarização com o PT não existe mais. Há uma pulverização de partidos e candidatos. Temos um arco de alianças que remontam 2014 e optamos por mantê-las, o que nos levou a abrir mão de algumas candidaturas", afirma o secretário-geral da sigla, deputado Silvio Torres (SP).

Vecci, que provocou um racha no PSDB local no início do ano ao insistir nas prévias para a escolha do candidato tucano a prefeito de Goiânia, a despeito de seu fraco desempenho nos levantamentos, mencionou as "circunstâncias" e os "adeptos das velhas práticas políticas" para justificar o recuo. Sob pressão de vereadores, afirmou ainda que não tem "força e nem os apoios necessários" para enfrentar com competitividade "eleições atípicas".

O PSDB local agora realiza a convenção municipal na sexta-feira, quando decidirá entre as candidaturas do ex-deputado federal Luiz Bittencourt (PTB) e do deputado estadual Francisco Júnior (PSD). Os dois partidos fazem parte do governo Perillo. A exemplo de Vecci, no entanto, ambos não aparecem bem cotados nas pesquisas, lideradas pelo deputado federal delegado Waldir Soares (PR), que deixou o PSDB às vésperas das prévias por não contar com o apoio do governador e de outros caciques para concorrer a prefeito de Goiânia.

As divergências internas e a necessidade de compor com aliados também levaram os tucanos a abrir mão da cabeça de chapa em Vitória (ES). O ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas abdicou da pré-candidatura na semana retrasada. Nas entrelinhas, manifestou sua queixa com a suposta indiferença do governador capixaba, Paulo Hartung (PMDB), ligado ao PSDB no Estado, com sua pretensão de tentar mais um mandato à frente da capital do Espírito Santo.

Com saída de Vellozo da disputa, os tucanos se viram livres para apoiarem o deputado federal Lelo Coimbra (PMDB), a contragosto do ex-prefeito. Cotado para vice na chapa, o presidente do PSDB municipal, Wesley Goggi reconheceu que o apoio tem base na aliança nacional do partido com o PMDB. O mesmo cenário se desenhou em Florianópolis (SC). O presidente do diretório municipal do PSDB, João Batista Nunes, será vice do deputado Gean Loureiro (PMDB).

Silvio Torres lembra outras capitais em que o partido cedeu espaço para compor com legendas aliadas. Como exemplo, citou São Luís (MA), Aracaju (SE) e Curitiba (PR), onde os tucanos vão ocupar a vice nas chapas encabeçadas pela deputada Eliziane Gama (PPS), pelo prefeito João Alves (DEM) e pelo ex-prefeito Rafael Greca (PMN), respectivamente.

Em 2016, o PSDB aposta na reeleição dos prefeitos Arthur Virgílio, em Manaus (AM), Firmino Filho, em Teresina (PI), Rui Palmeira, em Maceió (AL) e de Zenaldo Coutinho, em Belém (PA). Além disso, elegeu como prioridade as eleições em São Paulo, Rio, Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Porto Alegre (RS). Os candidatos do PSDB nessas cidades, contudo, ainda patinam nas pesquisas.

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