Partido de Kassab busca solução jurídica no TSE para não desaparecer até 2014
Fernanda Krakovics
BRASÍLIA. O PSD foi lançado como uma grande promessa para políticos de oposição que queriam aderir ao governo sem perder o mandato por infidelidade partidária. Mas, passado um ano desde a criação, seus integrantes temem ter embarcado em uma canoa furada. Apesar do otimismo da direção, na base do partido há o receio de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decida que a nova sigla não terá direito a tempo de TV para fazer propaganda política gratuita e nem ao fundo partidário, proporcionais ao tamanho da bancada na Câmara dos Deputados, hoje a terceira maior.
Apesar de ser o mais importante, esse não é o único problema do PSD. Expoentes do partido reclamam do caciquismo do presidente e fundador da legenda, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ele é considerado grande articulador político, mas correligionários consideram que deu um mau passo em São Paulo ao negociar aliança com o PT e, depois, fechar apoio à candidatura do tucano José Serra (PSDB) à prefeitura da capital paulista.
- Ele errou no dia em que não se sentou com José Serra e teve uma conversa definitiva. Ele não podia ter assumido o risco de ter bancado tantos gestos, ter ido ao aniversário do PT. Foi como se, na hora de fazer o gol, ele tivesse chutado contra - diz um desses dirigentes do PSD.
A decisão do TSE sobre o tempo de TV e o fundo partidário é crucial para o PSD. Na segunda-feira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu parecer considerando que o partido não tem direito à fatia proporcional do fundo partidário e a tempo de TV porque seus deputados foram eleitos por outras legendas. Ainda não há uma data para o julgamento no tribunal.
A preocupação do partido não é com as eleições municipais deste ano, e, sim, com 2014, como relata um parlamentar:
- Se chegarmos a 2014 sem tempo de TV, não teremos nenhuma importância. Estaremos fora da mesa de pôquer. Não somos um partido de grandes lideranças regionais, então, não temos força, por si só, para indicar candidato a governador ou a senador para compor uma chapa.
Já foi balde de água fria para deputados e senadores do PSD a derrota sofrida no Supremo Tribunal Federal, que negou, em liminar, o direito do partido de presidir comissões da Câmara.
Ao contrario da base, os dirigentes do PSD que estão na linha de frente se dizem confiantes na vitória no TSE e minimizam o revés sofrido até agora.
- Não estou pessimista porque tenho convicção de que o partido tem direito ao tempo de TV e ao fundo partidário - afirmou o secretário-geral da legenda, Saulo Queiroz.
No dia a dia, deputados do PSD se ressentem de pequenas coisas, como não ter um lugar destinado para a bancada no plenário da Câmara e de não serem indicados para relatar projetos. Com a indefinição jurídica , os parlamentares da nova sigla se sentem como "zumbis".
- É um momento de cautela, mas tudo tem limite. Em determinado momento, o partido terá que dizer a que veio, cobrar espaço, tempo de TV e vida partidária - diz o deputado federal Moreira Mendes (RO).
Para pontuar a insatisfação com o comando de Kassab, parlamentares reclamam que ele só reuniu a Executiva Nacional uma vez, há seis meses, quando o partido obteve o registro no TSE. O líder do PSD na Câmara, deputado Guilherme Campos (SP), minimiza as queixas:.
- Neste momento, cada um está cuidando de seu estado, por isso não tem reunião da Executiva. Mas nós nos falamos sempre, e Kassab não deixa de atender ninguém.
No Congresso, o partido - que não é de direita, não é de esquerda e nem de centro - costuma votar com o governo, mas se mantém oficialmente "independente", para salvar as aparências, já que seus deputados e senadores acabaram de migrar da oposição.
- Estamos satisfeitos com a interlocução com o Planalto e com nosso espaço nas comissões da Casa. Preferimos permanecer independentes - disse a senadora Kátia Abreu (TO), vice-presidente do partido.
FONTE: O GLOBO
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