Marina Silva admite que 30% das fichas de apoio ao novo partido têm erros no preenchimento e não devem ser aceitas pela Justiça. Com isso, meta é buscar 100 mil assinaturas a mais no país
Isabella Souto
Como se não bastasse a tramitação no Congresso Nacional do projeto que limita a criação de partidos no Brasil, a ex-senadora Marina Silva e seus aliados estão enfrentando outra dificuldade para a coleta de assinaturas que possibilitará a criação do Rede Sustentabilidade: erros no preenchimento da ficha de apoio à legenda. Para ser criado, o Rede precisa de 550 mil assinaturas de eleitores em todo o país. Até agora já foram coletadas mais de 200 mil, mas a própria Marina estima que, ao final, cerca de 30% delas não serão reconhecidas pela Justiça por algum erro no preenchimento de dados dos eleitores.
"Há pessoas, por exemplo, que preenchem a ficha com o nome de casada, enquanto no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) consta o nome de solteira. Estamos trabalhando com a coleta de 650 mil assinaturas por causa dessa margem de erro", afirmou Marina em Belo Horizonte, onde passou o fim de semana em busca de apoio para seu partido. Pela manhã, ela fez caminhada na tradicional feira de artesanato da Avenida Afonso Pena. Em Minas Gerais, o Rede já contabiliza cerca de 35 mil assinaturas, mas o objetivo é chegar a 100 mil até o mês que vem.
Assediada por muitas pessoas que passavam pela feira, Marina tirou fotos e conseguiu coletar algumas assinaturas. Entre elas, da cabeleireira Edilaine Gonzaga de Lima, de 35 anos, que votou em Marina na disputa para a Presidência da República em 2010. "É interessante que ela crie esse partido para mudar um pouco. É sempre PT ou PSDB", justifica a cabeleireira, que pretende votar novamente na ex-senadora, caso ela se candidate novamente para o Palácio do Planalto. A ficha dela foi uma das que foram consertadas por voluntários: ela havia colocado o nome da mãe no espaço errado, o que poderia invalidar sua adesão.
O agente de turismo Edinaldo da Silva Carvalho, de 33, também fez questão de contribuir para a criação do Rede. "Ela é uma guerreira que tem uma causa nobre", alegou. Mas isso não significa que apoie a existência de vários partidos no Brasil – atualmente são 30. Ele, aliás, é defensor do projeto de lei que dificulta a criação de legendas. "Só os partidos realmente bons e com propostas deveriam existir", opina.
Nesta semana, os apoiadores da ex-senadora começam a registrar os documentos no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) – somente depois da aprovação dos nomes pela Justiça Eleitoral o partido é oficialmente criado. Voluntários já estão coletando assinaturas em todo o estado. Marina ainda retorna a Minas em maio, quando receberá o título de cidadã honorária em Uberlândia, Araguari, Ouro Preto e Contagem. Antes, passará por Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
União Cortejada pelos principais candidatos da oposição, que defendem a sua candidatura a presidente da República como forma de aumentar as chances da realização de segundo turno em 2014, Marina Silva negou que sua pré-candidatura esteja colocada e criticou a antecipação do debate eleitoral, que para ela tira o debate das propostas do centro das atenções. "Essa (candidatura) é uma possibilidade, mas queremos discutir 2014 em 2104. Um número maior de candidatos e segundo turno fortalecem a democracia", afirmou.
Fusão abre polêmica no PPS
O fim de 22 anos de existência está gerando polêmica entre filiados do PPS e esquentou o clima na última reunião do partido em Minas, realizada no fim de semana. O Diário do Judiciário deve publicar esta semana a fusão dos socialistas com o PMN, o que resultará na criação do Movimento Democrático (MD). A partir da publicação, os atuais integrantes das duas legendas terão 30 dias para se desfiliar, prazo concedido igualmente a quem quiser migrar para o MD. As insatisfações vão desde a decisão considerada arbitrária pela fusão com o PMN – tomada pela direção nacional do PPS, sem consulta aos estados – até a escolha do número 33 para simbolizar o novo partido, usado atualmente pelo PMN. O PPS é representado pelo 23.
A fusão do PPS e do PMN é uma estratégia para fortalecer as duas legendas, que poderiam sair perdendo com a aprovação do projeto de lei que restringe a criação de partido e a destinação de recursos do Fundo Partidário e do tempo de televisão para aqueles que têm poucos representantes no Congresso Nacional. Para se ter ideia, o PPS tem hoje 10 deputados federais e o PMN apenas três. "A fusão abre uma janela para a insatisfação nos partidos, mas é uma fusão que nasce para aumentar a bancada federal", explica o vereador Ronaldo Gontijo (PPS), um dos que lamentam o fim da legenda, que abrigou ex-filiados do PCB. O PPS foi criado depois da queda do muro de Berlim, que marcou o declínio do comunismo no mundo.
A expectativa do MD é que a bancada federal passe para 26 deputados. Em Minas Gerais, onde são quatro os deputados estaduais filiados ao PPS ou PMN, a estimativa é que o número dobre.
Fonte: Estado de Minas
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