segunda-feira, 1 de março de 2010

Características de mineiro incluem a discrição e o poder de articulação

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Para o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), a carreira política de seu avô, o ex-presidente Tancredo Neves, cujo centenário de nascimento será comemorado nesta semana, não tem muito a ver com o atual cenário político. "A forma que ele adotou para fazer política, com muito desprendimento, coragem e defesa vigorosa da democracia, não é comum em nossos dias", diz.
"É preciso dizer também que fazia política com arte e prazer. Uma de suas principais marcas foi a capacidade para grandes articulações. A maior delas foi a que nos levou à redemocratização."

Na opinião de Aécio o avô era conciliador e, ao mesmo tempo, intransigente defensor dos rituais da vida democrática. "Quando o presidente Juscelino Kubitschek, depois de ter sido cassado, decide deixar o Brasil, num período de exílio voluntário, Tancredo foi um dos poucos políticos que o acompanharam na despedida. As pessoas tinham medo de aparecer ao lado do presidente cassado", conta. "Ele manteve a coerência democrática nos cinquenta anos de vida pública e é bom lembrar isso hoje."

Tancredo também conseguia articular negociações políticas de envergadura nacional com as miudezas típicas da vida das pequenas cidades, segundo o neto: "No leito do hospital, cinco dias antes de sua morte, ele me chamou e disse que eu não deveria esquecer de acompanhar e pedir notícias da cirurgia do padre Elói - que vivia em um pequeno distrito de São João Del Rey."

O primeiro partido ao qual Tancredo filiou-se, em 1933, quando tinha 23 anos e havia acabado de formar-se em advocacia, foi o Partido Progressista. Mais tarde foi para o Partido Nacionalista Mineiro e em 1945 desembarcou no Partido Social Democrático (PSD), ninho de velhas raposas políticas, no qual consolidou a carreira e ganhou projeção nacional.

Em 1966 o político mineiro ajudou a fundar o antigo MDB - o partido de oposição consentida do período da ditadura militar. Em 1979, criou o PP, que se colocava mais ao centro do espectro político do que o MDB de Ulysses Guimarães. Três anos mais tarde, porém, promoveu a fusão do PP com o PMDB, que sucedera ao MDB. Foi com essa legenda que chegou à Presidência da República, após derrotar Paulo Salim Maluf, do PDS, no Colégio Eleitoral.

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