• Mensagens mostram que Léo Pinheiro se reunia frequentemente com Edinho Silva, hoje ministro
Eduardo Bresciani e Vinicius Sassine - O Globo
Mensagens interceptadas pelos investigadores da Operação Lava-Jato nos celulares de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, mostram que ocorreram pelo menos dez encontros dele com o ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social. Há ainda outras conversas que indicam a necessidade de os dois se reunirem. Segundo um dos registros, o último encontro teria sido um jantar no dia 10 de novembro de 2014, apenas quatro dias antes de o empreiteiro ser preso. Edinho foi tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição em 2014.
Os celulares de Pinheiro foram apreendidos na operação que levou à prisão de diversos empreiteiros, batizada de Juízo Final. O juiz Sérgio Moro autorizou a PF a analisar todas as mensagens dos celulares. E os investigadores encontraram menções a dezenas de pessoas com foro privilegiado e prepararam um relatório sobre esses agentes públicos. No caso de Edinho Silva, chegou a haver uma decisão específica do juiz Sérgio Moro determinando o envio do material ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato, recebeu o material em 17 de agosto de 2015.
O encontro de Edinho Silva com o empreiteiro da OAS às vésperas da prisão de Pinheiro está salvo na pasta Calendário de um dos celulares. A marcação do evento era para um jantar no restaurante Rubaiyat Faria Lima, em São Paulo (SP), às 23h. O assunto está descrito como “Dr. Edinho”. “Reserva para 4 pessoas em nome de Sr. Pinheiro, realizada por Sr. Adonias”, registra o campo detalhes do evento.
Os investigadores destacam que, com base na mesma pasta Calendário, o expresidente da OAS se reuniu em 8 de novembro de 2014 com João Vaccari Neto, então tesoureiro do PT.
“Interessante destacar que houve anotação semelhante para João Vaccari Neto com data de 08/11/2014, ou seja, em poucos dias, LP (Léo Pinheiro) se reuniu com dois responsáveis pela arrecadação de numerários para o Partido dos Trabalhadores (PT)”, ressaltou a PF.
O primeiro registro de reunião entre Edinho e Léo Pinheiro no celular do empreiteiro é de 29 de junho de 2012. Nesta data, o então deputado estadual Edinho mandou três mensagens marcando um encontro no hotel Renaissance, em São Paulo (SP), às 11 horas. No mesmo ano, em 25 de setembro, Pinheiro mandou mensagem a Edinho justificando um atraso para encontro. “Chego em 15 min. Trânsito…”, escreveu o empreiteiro, às 10h51m.
O publicitário Vladimir Garreta, que tem ligação com o PT, também teria participado do encontro: Pinheiro mandou mensagem para um celular dele 17 minutos depois dizendo: “Estamos aqui”. A reunião teria tratado de repasses para o PT paulista.
Os encontros se intensificaram em 2014, quando Edinho foi tesoureiro da campanha de Dilma. Ele esteve num jantar com o empreiteiro em 6 de junho, novamente com o marqueteiro Garreta, segundo investigações. “Nesta mensagem enviada para Edinho, Léo Pinheiro afirma que está “chegando”, não há outros detalhes, entretanto Léo envia mensagem com o mesmo teor, com um minuto de antecedência para Garreta (Valdemir Flávio Pereira Garreta), desta forma, conclui-se que o encontro envolveu Léo Pinheiro, Edinho e Garreta”, diz a PF. Em agosto, Edinho mandou mensagem a Pinheiro indagando pelo nome da empresa de um empreiteiro. Pinheiro respondeu e Edinho agradeceu:
“Obrigado pelo apoio. Você é um grande parceiro”.
O GLOBO procurou o ministro e não recebeu resposta. Mas Edinho Silva já admitiu anteriormente que teve encontros com Pinheiro para tratar de doações de campanha.
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