- Folha de S. Paulo
Ainda causa espanto o raciocínio adotado por eleitores do 'mito' para defendê-lo
Que Bolsonaro faz projetos de leis e assina decretos sem a menor responsabilidade, ignorando pesquisas e, muitas vezes a opinião pública, não é novidade. E já nem espanta que mesmo as ideias mais estapafúrdias e potencialmente criminosas tenham apoio do núcleo mais radical dos bolsonaristas. Mas não deixa de ser curioso ver como a cabeça dessas pessoas opera.
A defesa agora é em relação ao projeto que acaba com a multa para motoristas que desrespeitarem as regras para o transporte de criança se que também aumenta de 20 para 40 os pontos para que a carteira seja suspensa.
Não adianta argumentar que a mudança põe vulneráveis em risco e que o uso das cadeirinhas diminui em 60% o número de mortes. Nada. Tentei dizer que a mudança beneficia maus condutores e que 90% das colisões fatais são causadas por erro humano. Sem sucesso. Finalmente, mandei a real: não é o Código de Trânsito que é muito severo, o motorista brasileiro é que não tem educação. Fui chamada de comunista. Ainda não entendi a ligação.
A favor das barbaridades do novo projeto do “mito”, seus eleitores dizem que é uma questão de liberdade, que o cidadão tem que ser responsável por suas escolhas e que a tutela estatal em excesso incentiva a desídia. Beleza, vamos usar esse raciocínio para tratar da descriminalização do aborto e das drogas? É claro que não, por que aí já é demais. Entendeu a lógica? Nem eu.
Quer ter uma ideia de como funciona a cabeça de um radical? Assista ao documentário “A Terra é Plana”. Mesmo com todas as evidências que a ciência já produziu, meia dúzia de malucos prega que a Terra não é redonda. O mais grave: eles têm conseguido convencer outros desmiolados a acreditar no mesmo. O bolsonarista é isto: o terraplanista da política, aquele que rejeita o conhecimento especializado e compra qualquer versão mequetrefe da realidade para provar seu ponto de vista.
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