Eliane Cantanhêde
DEU ENA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Bush já vai tarde, certo? Depende. Para os americanos e para todo mundo, com certeza.
Mas, para o Brasil, ele teve lá suas vantagens. Não deu a mínima para a América Latina e jogou o abacaxi, fatiado em Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa, para Lula -que, sem a mão pesada de Washington, pode brincar à vontade de "líder".
Pragmaticamente, portanto, tanto faria um democrata ou um republicano na Casa Branca a partir de 20 de janeiro de 2009. Mas as relações políticas e diplomáticas, como os seres humanos, não são assim tão pragmáticas, e a "onda" Barack Obama chegou ao Brasil com a força de tsunami que tem no mundo.
Muito por rejeição a Bush, mas também porque Obama é Obama.
O próprio Lula, contrariando a prudência diplomática, não apenas abriu publicamente o seu voto como o fez num cenário para lá de simbólico: Cuba. Foi da ilha que ele declamou toda a sua simpatia pelo democrata, enaltecendo o "ganho extraordinário" de ter um negro na maior potência do planeta.
Lula reproduziu a avaliação que varre Planalto e Itamaraty: o fenômeno Obama equivale a Chávez na Venezuela, ao índio Evo Morales na Bolívia, ao bispo Fernando Lugo no Paraguai e ao próprio metalúrgico Lula no Brasil. A sociedade está exausta das elites e das fórmulas da desigualdade. Parte para outra.
Obama seria o Lula dos EUA, o que, de certa forma, significa ser uma aposta. Apostas se ganham e se perdem. E o país que espera Obama está sacudido pela crise. São 17 bancos quebrando, a recessão chegando e se disseminando pelo mundo.
Ele tem carisma, discurso, voto e boa vontade internacional, mas não tem algo fundamental: receita mágica para debelar a crise. Até porque ninguém tem.
As pesquisas não permitem certezas na eleição desta terça, mas a tendência é a vitória de Obama. E o seu grande trunfo é justamente o seu maior risco: a expectativa.Quanto mais alta, maior o tombo.
DEU ENA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Bush já vai tarde, certo? Depende. Para os americanos e para todo mundo, com certeza.
Mas, para o Brasil, ele teve lá suas vantagens. Não deu a mínima para a América Latina e jogou o abacaxi, fatiado em Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa, para Lula -que, sem a mão pesada de Washington, pode brincar à vontade de "líder".
Pragmaticamente, portanto, tanto faria um democrata ou um republicano na Casa Branca a partir de 20 de janeiro de 2009. Mas as relações políticas e diplomáticas, como os seres humanos, não são assim tão pragmáticas, e a "onda" Barack Obama chegou ao Brasil com a força de tsunami que tem no mundo.
Muito por rejeição a Bush, mas também porque Obama é Obama.
O próprio Lula, contrariando a prudência diplomática, não apenas abriu publicamente o seu voto como o fez num cenário para lá de simbólico: Cuba. Foi da ilha que ele declamou toda a sua simpatia pelo democrata, enaltecendo o "ganho extraordinário" de ter um negro na maior potência do planeta.
Lula reproduziu a avaliação que varre Planalto e Itamaraty: o fenômeno Obama equivale a Chávez na Venezuela, ao índio Evo Morales na Bolívia, ao bispo Fernando Lugo no Paraguai e ao próprio metalúrgico Lula no Brasil. A sociedade está exausta das elites e das fórmulas da desigualdade. Parte para outra.
Obama seria o Lula dos EUA, o que, de certa forma, significa ser uma aposta. Apostas se ganham e se perdem. E o país que espera Obama está sacudido pela crise. São 17 bancos quebrando, a recessão chegando e se disseminando pelo mundo.
Ele tem carisma, discurso, voto e boa vontade internacional, mas não tem algo fundamental: receita mágica para debelar a crise. Até porque ninguém tem.
As pesquisas não permitem certezas na eleição desta terça, mas a tendência é a vitória de Obama. E o seu grande trunfo é justamente o seu maior risco: a expectativa.Quanto mais alta, maior o tombo.
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