Senador mineiro e ex-governador José Serra afirmaram, após reunião de conselho, que o PSDB deve manter as "portas abertas"
Gustavo Uribe
Após as reiteradas demonstrações do prefeito Gilberto Kassab de que seu PSD pretende se aproximar cada vez mais do PT e de Dilma Rousseff, o presidenciável tucano Aécio Neves deixou claro que o PSDB não pode fechar portas para uma eventual aliança com o partido criado pelo prefeito de São Paulo. A mesma posição foi assumida pelo ex-governador José Serra.
A aproximação entre PSD e PSDB enfrenta entraves em São Paulo, onde Kassab e o governador tucano Geraldo Alckmin possuem projetos de poder distintos. Serra e Aécio, junto de Alckmin, participaram anteontem à noite da reunião do Conselho Político do PSDB, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
Serra considerou que existe a hipótese de as duas legendas estarem juntas em "diferentes áreas ou regiões". Aécio defendeu a formação de uma política de alianças que tenha como meta não só a disputa presidencial de 2014, mas também a retomada do espaço da oposição no Congresso Nacional.
Após o encontro, Serra avaliou como importante o diálogo com todos os partidos, "exceto com aqueles que podem ser considerados adversários". Mais cedo, antes do início da reunião, Aécio defendeu a composição de uma aliança mais robusta do que a construída nas últimas eleições presidenciais, em 2010.
"O que eu defendo é que o PSDB deixe, sim, as portas abertas para construir uma aliança mais ampla", afirmou. Ele ponderou, contudo, que, antes de qualquer diálogo, é necessário aguardar a postura que tomará o PSD em relação ao atual governo federal. "Eu acho que agora é aguardar qual será a forma de agir do partido. Vamos ver que tipo de posicionamento terá no Congresso Nacional."
A reunião do Conselho Político, que durou em torno de três horas, teve a participação de seus seis integrantes: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Marconi Perillo (GO), o ex-governador José Serra (SP) e o senador Aécio Neves (MG).
Na saída, Serra foi questionado sobre o que achou da entrevista concedida por Aécio ao Estado, publicada domingo e na qual o senador mineiro afirmou que, caso venha a disputar a sucessão presidencial, estará pronto para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou a presidente Dilma Rousseff. "Eu achei interessante, verdadeira", afirmou Serra, negando que tenha se colocado como candidato na disputa presidencial de 2014. "Mas acho positivo que o Aécio se coloque", disse.
2012. O Conselho Político definiu a estratégia geral do partido para a disputa municipal de 2012. Os principais líderes da sigla defenderam que o PSDB tenha candidatos próprios nas principais capitais brasileiras.
A iniciativa tem como objetivo, segundo os tucanos, evitar o enfraquecimento da sigla em meio à crise da oposição, bem como fortalecer os palanques regionais para a sucessão presidencial em 2014. Os dirigentes tucanos concordaram ainda sobre a realização de consultas primárias em municípios que tenham mais de um candidato a prefeito sem a expectativa de se chegar a um acordo.
A ideia é de que as disputas por meio de prévias em âmbito municipal sirvam como um teste para a realização de uma consulta primária para a disputa presidencial de 2014, mecanismo defendido publicamente por Aécio.
No encontro, Alckmin, foi incumbido de conduzir a organização de prévias na capital paulista, onde, por enquanto, há quatro postulantes à vaga de candidato a prefeito. "Todos concordamos com a ideia de prévias aqui", afirmou o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, após a reunião. "Essa foi a orientação dada ao Geraldo Alckmin e, para mim, é a mais acertada." Os líderes do PSDB trataram também da necessidade de retomar uma agenda nacional, cujos pontos principais devem fazer parte do discurso dos candidatos do partido no ano que vem em todas as esferas.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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