O Brasil ainda tem um elevado número de crianças e jovens fora das salas de aula. Dados divulgados pelo movimento Todos Pela Educação relativos a 2010 mostram que são 3,8 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos que não têm acesso à escola - um contingente próximo ao da população do Uruguai. Em uma década, o país atingiu 91,5% de inclusão, mas nenhuma das regiões conseguiu atingir a meta intermediária de 93,4% estabelecida para 2010. No Rio, são 229 mil nessa faixa etária que não frequentam a escola. O relatório aponta para uma falha maior no segmento de 4 a 5 anos de idade
Quase 4 milhões fora da escola
Estudo mostra que Brasil não cumpriu meta de incluir crianças e jovens de 4 a 17 anos
Adauri Antunes Barbosa
O Brasil tinha 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola em 2010, segundo dados divulgados ontem pelo movimento Todos Pela Educação, que monitora o desenvolvimento do ensino no país.
Entre 2000 e 2010, houve um aumento de 9,2% na taxa de acesso à escola, atingindo 91,5% da população entre 4 e 17 anos, mas nenhuma das regiões do país conseguiu atingir a meta intermediária de 93,4% estabelecida para 2010.
— Esses 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola excedem a população do Uruguai. É uma população mais difícil de incluir porque são os estão no campo, em favelas, em bairros muito pobres — disse a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
O estado que tem o maior percentual de crianças e adolescentes fora da escola é o Acre (15%). Já Rio e São Paulo têm, respectivamente, 6,8% e 7%. Ao longo da última década, o Norte apresentou o maior aumento na frequência ao ensino, mas tem o pior indicador: 12,2% estão fora da escola. No Sudeste, o avanço foi mais lento, mas tem o melhor percentual de inclusão: 7,3%.
O movimento, que é financiado pela iniciativa privada, desde 2006 acompanha as condições de acesso e alfabetização.
Para isso, estabeleceu cinco metas, que têm prazo final de cumprimento em 2022. Além da meta de incluir todas as crianças de 7 a 14 anos na escola, quer que elas estejam alfabetizadas aos 8 anos, que todo aluno tenha aprendizado adequado à série e que todo jovem tenha concluído o ensino médio até os 19 anos. Quer ainda que o investimento seja ampliado.
Inclusão é menor na faixa de 4 a 5 anos
No relatório, o país também não conseguiu a meta intermediária para 2010, de que 80% ou mais das crianças deveriam apresentar habilidades básicas de leitura e escrita até o final do 3, ano do ensino fundamental. Segundo dados da Prova ABC, aplicada em 2011, em escrita; a média nacional foi de 53,3%, em matemática, de 42,8%; e em leitura, de 56,1%.
Duas das cinco metas foram atingidas.
Além de fazer com que 64,5% dos jovens tivessem concluído o ensino fundamental aos 16 anos em 2009 — o país atingiu 63,4%, ou seja, ficou dentro do intervalo de confiança —, foi alcançado o objetivo de conclusão do ensino médio até os19 anos: o resultado foi de 50,2% contra 46,5% da meta.
Embora o Brasil tenha alcançado a meta intermediária, o ritmo está lento para que o país possa atingir a meta de 2022. Até lá, 95% ou mais dos jovens até16 anos devem ter concluído o ensino fundamental e 90% ou mais dos jovens até 19 anos devem ter finalizado o ensino médio. As previsões indicam uma taxa de conclusão (com até um ano de atraso) de 76,8% para o fundamental e 65,1% para o médio.
— A crise que estamos vivendo no país acaba desaguando no ensino médio.
Apenas 50% dos jovens têm o ensino médio concluído. Temos um funil: metade conclui o ensino médio e, dessa metade, só 11% aprenderam o mínimo de matemática — disse Priscila.
De acordo com Priscila, o relatório aponta que no 5, ano a porcentagem de alunos que aprendem o mínimo esperado é maior do que no 9, ano, que, por sua vez, também é maior do que no final do 3, ano do ensino médio.
Ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comentou o relatório do Todos pela Educação. Mercadante disse que o problema de crianças e jovens fora da escola se concentra na pré-escola e no ensino médio, e que o governo trabalha nessas duas frentes: por um lado, quer acelerar o ProInfância.
De outro, aposta na oferta de ensino técnico-profissionalizante para quem cursa o ensino médio. Segundo o relatório, crianças de 4 e 5 anos têm a menor taxa de atendimento (80,1%).
-— A pré-escola prepara para alfabetizar.
A criança chega pronta (ao fundamental) para aprender a ler e fazer contas.
Ao ensino médio, vamos juntar o ensino técnico-profissionalizante, para que os alunos tenham condições de continuar estudando.
FONTE: O GLOBO
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