Nos Estados modernos os partidos políticos podem basear-se fundamentalmente em dois princípios distintos. Podem os partidos ser essencialmente organizações para concessões de cargos, como tem sido nos Estados Unidos desde o fim das grandes controvérsias sobre a interpretação da Constituição. Neste caso estão os partidos meramente interessados em colocar seu líder na posição máxima, a fim de que este possa transferir cargos estatais aos seus seguidores, ou seja, aos membros dos staffs ativos e de campanha do partido.
Desde que os partidos não têm princípios explícitos, eles competem uns contra os outros, incluindo em seus programas as exigências das quais esperam o maior impacto. Este tipo de partido é tão pronunciado nos Estados Unidos devido a ausência de um sistema parlamentar; com presidente da federação eleito pelo povo controla – juntamente com os senadores - a concessão do vasto número de cargos federais. Apesar da corrupção resultante, este sistema era popular, pois impedia o aparecimento de uma casta burocrática. Tecnicamente era exeqüível, desde que mesmo a pior administração conduzida por diletantes pudesse ser tolerada em vista da ilimitada abundância de oportunidades econômicas. A crescente necessidade de substituir o protegido inexperiente do partido e ex-funcionário pelo funcionário de carreira tecnicamente treinado reduz progressivamente os benefícios do partido e resulta inevitavelmente numa burocracia de tipo europeu.
O segundo tipo de partido é fundamentalmente ideológico (Weltanschauungspartei) e destinado a conseguir a concretização de ideais políticos explícitos. De forma relativamente pura, este tipo era representado na Alemanha pelo Partido Católico do Centro da década de 1870 e pelos sociais democratas antes de se burocratizarem. De maneira geral, os partidos combinam ambos os tipos. Eles têm objetivos explícitos que são determinados pela tradição, por isso esses objetivos são modificáveis apenas pouco a pouco, mas eles (os partidos) também querem controlar a concessão de cargos. Em primeiro lugar, objetivam colocar seus líderes nos principais postos políticos. Se obtém êxito na luta eleitoral, os liderem podem proporcionar aos seus adeptos cargos estaduais seguros durante a preponderância do partido. Esta é a regra em Estados parlamentaristas; portanto, os partidos ideológicos também seguiram este caminho. Em estados não parlamentaristas como a( Alemanha Imperial) Os partidos não controlam a concessão dos cargos máximos, mas os partidos mais influentes podem geralmente pressionar a burocracia dominante no sentido de conceder cargos apolíticos aos seus protegidos, logo em seguida aos candidatos naturais recomendados pelas próprias ligações dos partidos com funcionários públicos; logo, estes partidos podem exercer concessão “subalterna”.”
Max Weber (1864-1920), “Parlamentarismo e governo numa Alemanha reconstruída – uma contribuição à critica política do funcionalismo e da política partidária”, p.p. 20-21, Abril Cultural, 1980.
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