- Folha de S. Paulo
No ano passado, a presidente Dilma enfrentou um perrengue no Congresso por causa da correção da tabela do Imposto de Renda, assunto pop e que sempre gera debates acalorados. O imbróglio, neste ano, promete ser bem maior.
Enquanto a queda de braço de 2015 começou devido à proposta apresentada pelo Planalto – muito acanhada diante do tamanho da inflação registrada no ano anterior –, a situação em 2016 será pior por um detalhe relevante: o governo, desta vez, não propôs reajuste algum.
A ideia inicial do Planalto em 2015 era corrigir a tabela em 4,5%, abaixo da alta de 6,41% dos preços em 2014. A oposição fez um escarcéu e tentou forçar uma correção de 6,5%.
O governo conseguiu barrar o populismo oposicionista, negociou com quem manda no Congresso e acabou aprovando um reajuste escalonado das faixas da tabela. A correção ficou, na média, em 5,6%.
Como não faltou confusão no fim do ano passado, ninguém percebeu o fato de que o Orçamento de 2016 foi aprovado sem previsão de reajuste da tabela, como sempre quer toda e qualquer equipe econômica.
Os ministros petistas acordaram e já começaram a pressionar o colega Nelson Barbosa para arrumar um jeito de apresentar alguma alternativa.
O chefe da Fazenda terá enorme trabalho para convencer seus colegas políticos, usando argumentos técnicos, de que não dá para corrigir nada, mesmo depois da inflação de quase 11% no ano passado.
O assunto ainda não chegou à mesa da chefe. Até lá, o bloco da pressão vai deixar de estar restrito aos amigos petistas. Vamos assistir a um movimento suprapartidário, assim que deputados e senadores voltarem ao trabalho, no início de fevereiro.
Dilma terá que decidir se faz o que parece ser justo ou se atém ao que é possível. Se corrigir a tabela, algum outro imposto vai subir. Se negar o reajuste, vai comprometer ainda mais seu ínfimo capital político.
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