Insatisfeitos com o impasse criado pelo PT, socialistas decidem amanhã com o governador Eduardo Campos o nome do partido para a disputa pela Prefeitura do Recife
Sheila Borges
O PSB cansou de esperar. Não quer ficar à reboque de uma briga que pode desgastar ainda mais a Frente Popular e não tem data para acabar, colocando em risco o comando da Prefeitura do Recife. Até amanhã, a cúpula socialista se reúne com o governador Eduardo Campos e lança a candidatura própria. Nos bastidores, cresce a preferência pelo deputado federal Danilo Cabral, que até semana passada era secretário de Educação.
Os socialistas avaliam que a briga interna do PT pode chegar até a Justiça, e exatamente no mês das convenções partidárias, época em que as articulações deveriam estar caminhando para o entendimento. O prefeito do Recife, João da Costa, deve recorrer ainda hoje ao diretório nacional do PT contra a decisão da executiva nacional que impôs o nome do senador Humberto Costa como o candidato do partido à prefeitura da capital, desconhecendo o resultado da prévia interna realizada em maio. Nela, Costa venceu o deputado federal Maurício Rands, que é do grupo do senador.
A tese da candidatura própria ganhou tanta força nas conversas que os socialistas mantiveram ao longo do fim de semana que até mesmo o vice-prefeito do Recife, Milton Coelho, sempre discreto, decidiu falar. Ele esteve ao lado de João da Costa durante todo o embate interno do PT. “Se o consenso não aconteceu até agora, dificilmente ocorrerá. Estamos criando uma nova força e apresentando uma nova perspectiva para continuar o que o PT fez de bom”, argumentou, mostrando que o discurso de candidatura própria do PSB já está sendo elaborado. Para ele, o primeiro passo antes de falar em nomes é abrir um debate com as outras legendas da Frente e com entidades da sociedade civil.
“Não podemos colocar mais dúvidas na cabeça do eleitor. Não temos mais razões para esperar. Quando os políticos não se entendem, temos que deixar que o povo tenha o seu entendimento”, disse, lembrando uma frase dita em 2002 pelo ex-governador Miguel Arraes, avô de Eduardo, que faleceu em 2005. Na ocasião, o PSB lançou Dilton da Conti, que perdeu o governo para Jarbas Vasconcelos (PMDB). Hoje, o quadro é mais favorável. O PSB conta com a força política e eleitoral de Eduardo, e Humberto não consegue unir nem o PT nem as siglas da Frente Popular.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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