• Campos rompe pacto de não agressão com Aécio e aumenta tom de críticas ao governo da ex-aliada Dilma
Elder Ogliari - O Estado de S. Paulo
PORTO ALEGRE - Enquanto PT e PSDB já projetam uma polarização entre seus futuros candidatos na eleição presidencial deste ano, o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, adotou uma estratégia mais agressiva para tentar ganhar visibilidade.
O primeiro ato de Campos foi romper o pacto de não agressão com o pré-candidato tucano Aécio Neves e tentar se diferenciar da pauta do senador mineiro. O distanciamento entre os dois nas pesquisas de intenção de voto determinou uma reorientação nos rumos da pré-campanha do ex-governador pernambucano - que entrou na disputa presidencial disposto a se apresentar como uma terceira via.
Nos últimos dias, Campos também intensificou a bateria de críticas à presidente Dilma Rousseff e ao governo da petista. Ontem, em Porto Alegre, ele acusou o governo de fazer "chantagem política" com o programa Bolsa Família.
Campos voltou a dizer que "setores da base de sustentação da presidente" fazem "terrorismo eleitoral" e estão disseminando o medo entre os beneficiários do principal programa social do governo federal.
"Tenho dito e reiterado que esse programa (Bolsa Família) não pode servir de base para a chantagem política que há em curso no Brasil", afirmou. "Nos Estados em que o Bolsa Família é mais expressivo, setores da base de sustentação da presidente ficam boatando, difundindo nos sindicatos, na porta dos bancos em dias de pagamento, que os programas serão extintos se ela (Dilma) não ganhar."
O pré-candidato do PSB reiterou que vai manter e ampliar o Bolsa Família e complementar o programa com políticas para creches, educação, moradia e saneamento. "Acima do Bolsa Família as pessoas querem cidadania", disse. Segundo ele, os programas sociais estão na história do PSB.
Campos também repetiu que vai avaliar o desempenho do programa Mais Médicos, outra vitrine do governo federal, mas admitiu que tem ouvido das comunidades que elas querem a permanência dos profissionais estrangeiros. "Temos que deixar os médicos lá, respeitar leis trabalhistas e formar médicos brasileiros para em dez anos não precisarmos mais passar por essa situação."
Julgamento. Questionado sobre o fato de centralizar suas críticas que faz em Dilma Rousseff, sem incluir nelas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Campos lembrou que a discussão é da sucessão da atual chefe do Executivo e não dos anteriores. "Chegou a hora de a gente julgar ela", propôs, para comparar a presidente a um estudante que não se preparou para a prova. "Você tem que ter coragem de dar a nota (baixa) a ele (o estudante), para o bem dele, para que talvez ele entenda que, repetindo aquela matéria, pode aprender."
Conforme Campos, foi Dilma que "assumiu o compromisso de melhorar a qualidade da política e não conseguiu fazer". "Lamento profundamente que não tenha conseguido entregar aquilo que se comprometeu a fazer, uma gestão mais própria, política limpa e mais decente, com gente comprometida com os princípios republicanos", afirmou.
'Engano'. Para o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, um dos mais próximos aliados de Campos, a tese ventilada por tucanos e petistas é "um tremendo engano". Na avaliação do dirigente, a hipótese de uma terceira via eleitoral na disputa presidencial ganhará força quando a campanha começar oficialmente. "Não estamos disputando o terceiro lugar. As diferenças em relação a Dilma e a Aécio se tornarão visíveis quando a campanha começar." / Colaborou Pedro Venceslau.
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