domingo, 25 de maio de 2025

Centrão fecha cerco a Tarcísio - Catia Seabra

Folha de S. Paulo

No momento em que petistas e bolsonaristas lutam para sobreviver aos estilhaços do escândalo do INSS, Tarcísio é o preferido da vez

O governador Tarcísio de Freitas bem que tentou escapar de mais um palco montado pelo centrão para projeção de seu nome à Presidência da República.

No início de maio, ele alegou agenda cheia para justificar ausência na filiação do secretário da Segurança Pública de São PauloGuilherme Derrite, ao PP. Se a intenção era mesmo escapulir, como dizem seus aliados, não funcionou. Para garantir a presença de Tarcísio, o evento foi adiado por duas semanas.

Na festa desta quinta (22), enquanto índices de criminalidade batem recorde em São Paulo, o chefe da segurança pública foi aclamado como candidato ao Senado ou até herdeiro de Tarcísio.

Ladeado por presidentes de partidos confortavelmente acomodados na Esplanada dos Ministérios, o governador fez discurso de oposição. Apenas uma semana depois de fechar um acordo com governo Lula para custear imóveis para famílias da favela do Moinho, Tarcísio disse que, em Brasília, "decisões são tomadas de forma casuística, às vezes até de forma irresponsável".

Mas que aquele seleto grupo, reunido na zona nobre de São Paulo, "sabe o caminho" e "quer fazer a diferença." Ele falava de Valdemar Costa Neto (PL), Renata Abreu (Podemos), Gilberto Kassab (PSD), Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP). Conhecem mesmo os acessos.

Tarcísio só não explicou que diferença esperar de um consórcio que se perpetua no poder qualquer que seja seu presidente, tendo ele próprio participado dos governos Dilma e Bolsonaro. Também poderia aproveitar para esclarecer o uso de um boné em apoio a Donald Trump —presidente americano que ameaça impor sanções econômicas ao Brasil— e sua condescendência com os participantes dos atos golpistas.

O centrão fixa até dezembro o prazo por uma resposta de Tarcísio. Mas o governador está em condições de impor seu calendário. No momento em que petistas e bolsonaristas lutam para sobreviver aos estilhaços do escândalo do INSS, Tarcísio é o preferido da vez.

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