Folha de S. Paulo
No momento em que petistas e bolsonaristas
lutam para sobreviver aos estilhaços do escândalo do INSS, Tarcísio é o
preferido da vez
O governador Tarcísio
de Freitas bem que tentou escapar de mais um palco montado pelo
centrão para projeção de seu nome à Presidência da República.
No início de maio, ele alegou agenda cheia
para justificar ausência na filiação do secretário da Segurança Pública
de São
Paulo, Guilherme
Derrite, ao PP.
Se a intenção era mesmo escapulir, como dizem seus aliados, não funcionou. Para
garantir a presença de Tarcísio, o
evento foi adiado por duas semanas.
Na festa desta quinta (22), enquanto índices de criminalidade batem recorde em São Paulo, o chefe da segurança pública foi aclamado como candidato ao Senado ou até herdeiro de Tarcísio.
Ladeado por presidentes de partidos
confortavelmente acomodados na Esplanada dos Ministérios, o governador fez
discurso de oposição. Apenas uma semana depois de fechar um acordo com
governo Lula para
custear imóveis para
famílias da
favela do Moinho, Tarcísio disse que, em Brasília, "decisões são
tomadas de forma casuística, às vezes até de forma irresponsável".
Mas que aquele seleto grupo, reunido na zona
nobre de São Paulo, "sabe o caminho" e "quer fazer a
diferença." Ele falava de Valdemar
Costa Neto (PL),
Renata Abreu (Podemos), Gilberto Kassab (PSD), Antonio Rueda (União Brasil)
e Ciro
Nogueira (PP). Conhecem mesmo os acessos.
Tarcísio só não explicou que diferença esperar de um consórcio que se perpetua no poder qualquer que seja seu presidente, tendo ele próprio participado dos governos Dilma e Bolsonaro. Também poderia aproveitar para esclarecer o uso de um boné em apoio a Donald Trump —presidente americano que ameaça impor sanções econômicas ao Brasil— e sua condescendência com os participantes dos atos golpistas.
O centrão fixa até dezembro o prazo por uma resposta de Tarcísio. Mas o governador está em condições de impor seu calendário. No momento em que petistas e bolsonaristas lutam para sobreviver aos estilhaços do escândalo do INSS, Tarcísio é o preferido da vez.
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