DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Flávia Tavares
ENTREVISTA
Flávia Tavares
ENTREVISTA
O secretário estadual de Habitação de São Paulo e presidente do Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano (FNSHDU), Lair Krähenbühl, critica duramente o Minha Casa Minha Vida e a falta de foco do programa nas famílias com renda de zero a três salários mínimos.
"Tudo que foi feito até aqui está equivocado, porque não atende ao pobre", diz ele.
Para Krähenbühl, ao anunciar que faria 1 milhão de casas, o governo criou uma expectativa irreal. "Quiseram criar uma expectativa, não sei se foi um equívoco ou medida eleitoreira, mas ela estava errada. Fizeram a festa da cumeeira, aquela em que se põe um ramo de arruda quando o telhado da casa fica pronto, antes de comprar o terreno."
A seguir, os principais pontos da entrevista:
Qual é a principal crítica que o senhor faz ao programa?
Eles estão com o foco errado. Em primeiro lugar, o programa não atendia a áreas de risco. Mas saiu uma portaria na semana passada dando prioridade para essas áreas. Estão atrasados, porque já contrataram quase tudo. Outro ponto é que 60% dos imóveis são para famílias de 3 a 10 salários mínimos e 40% para de 0 a 3. É o inverso da lógica da demanda. Por fim, não ouviram Estados e municípios, que sabem onde as casas precisam ser construídas. As construtoras escolhiam os terrenos ou já tinham esses terrenos. O interesse atendido é o delas e não o da gestão pública.
A iniciativa privada não deveria ter sido envolvida no Minha Casa Minha Vida?
A lógica de atuar com a iniciativa privada está correta. Mas precisa ouvir o Estado e o município. No modelo atual, a CDHU não pode apresentar projetos. Só empresa privada pode apresentar. Minha proposta é que a CDHU e as Cohabs possam também. Mas o governo disse que a lógica era de fazer rápido, com as empresas, porque o Brasil precisava gerar empregos com urgência por causa da crise.
O programa foi anunciado como uma alternativa para as classes mais baixas.
Mas o anúncio criou uma demanda que não existia. Famílias fizeram filas para se inscrever, queriam casa para todo mundo, acharam que ia ser a salvação. O governo quis criar uma expectativa que não sei se foi equivocada ou eleitoreira, mas ela estava errada. Eles fizeram a festa da cumeeira, aquela em que se coloca um ramo de arruda quando o telhado da casa fica pronto, antes de comprar o terreno.
O senhor foi ouvido na elaboração do programa?
Antes de o Minha Casa Minha Vida ser anunciado, fomos a Brasília eu, o governador José Serra e o governador Aécio Neves para uma reunião com a ministra Dilma Rousseff, o ministro Paulo Bernardo, Jorge Hereda, da Caixa, e o ministro Márcio Fortes. Isso foi em fevereiro de 2009. Nessa reunião, o foco para famílias de zero a três salários era de 20% dos recursos, não de 40%. Eles foram corrigindo o programa à medida que fomos pautando.
Eles vão continuar fazendo esses ajustes?
Vão corrigir o rumo, porque como está é insustentável.
Qual é a principal crítica que o senhor faz ao programa?
Eles estão com o foco errado. Em primeiro lugar, o programa não atendia a áreas de risco. Mas saiu uma portaria na semana passada dando prioridade para essas áreas. Estão atrasados, porque já contrataram quase tudo. Outro ponto é que 60% dos imóveis são para famílias de 3 a 10 salários mínimos e 40% para de 0 a 3. É o inverso da lógica da demanda. Por fim, não ouviram Estados e municípios, que sabem onde as casas precisam ser construídas. As construtoras escolhiam os terrenos ou já tinham esses terrenos. O interesse atendido é o delas e não o da gestão pública.
A iniciativa privada não deveria ter sido envolvida no Minha Casa Minha Vida?
A lógica de atuar com a iniciativa privada está correta. Mas precisa ouvir o Estado e o município. No modelo atual, a CDHU não pode apresentar projetos. Só empresa privada pode apresentar. Minha proposta é que a CDHU e as Cohabs possam também. Mas o governo disse que a lógica era de fazer rápido, com as empresas, porque o Brasil precisava gerar empregos com urgência por causa da crise.
O programa foi anunciado como uma alternativa para as classes mais baixas.
Mas o anúncio criou uma demanda que não existia. Famílias fizeram filas para se inscrever, queriam casa para todo mundo, acharam que ia ser a salvação. O governo quis criar uma expectativa que não sei se foi equivocada ou eleitoreira, mas ela estava errada. Eles fizeram a festa da cumeeira, aquela em que se coloca um ramo de arruda quando o telhado da casa fica pronto, antes de comprar o terreno.
O senhor foi ouvido na elaboração do programa?
Antes de o Minha Casa Minha Vida ser anunciado, fomos a Brasília eu, o governador José Serra e o governador Aécio Neves para uma reunião com a ministra Dilma Rousseff, o ministro Paulo Bernardo, Jorge Hereda, da Caixa, e o ministro Márcio Fortes. Isso foi em fevereiro de 2009. Nessa reunião, o foco para famílias de zero a três salários era de 20% dos recursos, não de 40%. Eles foram corrigindo o programa à medida que fomos pautando.
Eles vão continuar fazendo esses ajustes?
Vão corrigir o rumo, porque como está é insustentável.
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