Entidades estrangeiras fazem pressão contra política desastrosa de Bolsonaro
Com a emergência climática batendo à porta, a preocupação com a preservação do ambiente já há algum tempo deixou de estar restrita a ativistas, ONGs e fóruns temáticos para se tornar assunto corrente entre os principais atores econômicos do planeta.
O Brasil, território da maior floresta tropical do mundo, ocupa, para o bem e para o mal, lugar central nessas discussões. Se até há pouco o sucesso do país no combate ao desmatamento granjeou-lhe recursos e prestígio internacional, hoje a situação se afigura diversa.
A política antiambiental do governo Jair Bolsonaro não apenas vem revertendo os ganhos obtidos na conservação da Amazônia como tem devastado a imagem do Brasil no exterior —com possíveis prejuízos para os negócios nacionais.
Esse ponto ganhou nova dimensão nas últimas semanas, quando, preocupados com o desmonte das políticas de preservação, empresas, políticos e entidades estrangeiras, sobretudo da Europa, intensificaram as pressões sobre o país.
Na segunda (22), um grupo de 29 fundos de investimento, que juntos administram algo em torno de R$ 20 trilhões, enviou carta aberta a sete embaixadas brasileiras na Europa, no Japão e nos EUA solicitando reuniões para discutir a destruição amazônica.
Dias antes, três dezenas de eurodeputados demandaram do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ações para “manter a estrutura legal necessária para proteger as florestas brasileiras”. O Parlamento Europeu é uma das instâncias que precisa aprovar o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), assinado em 2019, para que ele entre em vigor.
Esse pacto comercial foi o alvo da terceira iniciativa, encampada por cinco entidades, que, numa queixa à ombudsman da UE, pediram que sua ratificação seja suspensa.
Também os presidentes dos principais bancos privados do Brasil manifestaram, nesta semana, inquietação com a forma como o país vem lidando com a questão ambiental. Após o registro em 2019 da maior taxa de desmatamento em uma década, dados preliminares indicam que a destruição pode crescer ainda mais neste ano.
Certamente sabedora das perdas que esse descalabro pode acarretar, a ministra Tereza Cristina (Agricultura) afirmou, durante evento, que o Brasil poderia aumentar sua produção de alimentos “sem derrubar uma árvore sequer”.
Diante do passivo até agora acumulado, será necessário, entretanto, muito mais do que palavras para que esses riscos não se materializem em ações contra o país.
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