• Rearranjo de forças partidárias no plano federal se reflete nas candidaturas a prefeito; peemedebistas terão como parceiros favoritos os tucanos, posto que era do PT
Daniel Bramatti, Pedro Vensceslau e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O divórcio entre petistas e peemedebistas no plano federal provocou um forte rearranjo das forças políticas nos municípios. Neste ano, o PMDB terá o PSDB como parceiro favorito na formação de chapas para disputar as prefeituras, posição que era do PT até quatro anos atrás.
Em 2012, o PMDB fechou 282 coligações nas quais tinha um petista como vice (12% do total das candidaturas peemedebistas). Em 2016, o número caiu para menos da metade: 124 (5% do total). Com isso, os tucanos subiram para o primeiro posto no ranking de coligados com os peemedebistas, enquanto os petistas passaram para o terceiro lugar, atrás dos pedetistas.
O afastamento entre as legendas da presidente afastada Dilma Rousseff e do presidente em exercício Michel Temer também fica evidente pelo lado dos candidatos a prefeito do PT, que tiveram 213 vices do PMDB na eleição passada e terão apenas 76 na disputa deste ano.
No total, o número de alianças entre PMDB e PT, com um ou outro partido na cabeça de chapa ou no cargo de vice, caiu de 495 para 200 – uma redução de cerca de 60%.
Inversão. Para o peemedebista Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo, o fato de o PSDB aparecer agora como o aliado preferencial é “uma mudança de eixo”. “É fruto dessa aproximação nacional (com os tucanos) e do afastamento entre PMDB e PT.”
O deputado federal Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB, disse que seu partido superou o PT nas alianças por ser “o mais estruturado”.
A mudança de posição no ranking, porém, se deve à queda do PT, e não a uma maior aproximação entre PMDB e PSDB nos municípios – no passado, esses dois partidos já estiveram juntos em mais coligações.
Embora as alianças nos municípios sejam predominantemente direcionadas por interesses locais, as expectativas em relação às eleições gerais de 2018 têm peso significativo. E nada garante que, até lá, PMDB e PSDB continuem unidos na esfera federal – posição a que chegaram no decorrer do processo de impeachment de Dilma.
Na semana passada, Temer teve de convocar um jantar com líderes tucanos – entre eles o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do partido –, para reduzir as tensões entre PMDB e PSDB. Tucanos vinham demonstrando insatisfação com medidas do governo relativas ao ajuste fiscal que, na interpretação deles, tinham motivação eleitoral. “Nós esperamos que este seja um governo com compromisso com a história, e não com as eleições”, disse Aécio, ao sair do encontro.
Se as eleições municipais deste ano tiverem influência em 2018, o PMDB tende a sair bem posicionado. O partido vai disputar as prefeituras de pelo menos 2.336 cidades, três dezenas a mais do que em 2012. Além disso, deve ser beneficiado pela redução significativa de candidatos petistas. O PT disputou cerca de 1,8 mil prefeituras há quatro anos e, agora, deve concorrer em menos de mil.
Espaço. O objetivo dos peemedebistas é, neste ano, reverter a tendência de encolhimento no âmbito municipal. Nas eleições de 2012, PT e PMDB foram, ao mesmo tempo, os maiores aliados e os maiores adversários um do outro: tinham o maior número de coligações e também o maior número de confrontos diretos entre si.
Na época, o PT elevou de 10% para 11,4% sua fatia no total de prefeituras, enquanto os peemedebistas perderam espaço, elegendo 18% dos prefeitos, 4 pontos porcentuais a menos do que na disputa de 2008.
Alimentação. Os cálculos do Estadão Dados sobre a distribuição das coligações em todo o País em 2016 foram feitos com a base de dados de candidatos que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou na última sexta-feira à noite.
O prazo para registros de candidatos terminou na segunda-feira passada, mas nem todos os cartórios eleitorais mandaram seus dados para o sistema informatizado do TSE. Com isso, a lista definitiva de candidatos e coligações ainda pode sofrer pequenas alterações.
Manaus. A eleição municipal de Manaus é um exemplo de campanha em que PSDB e PMDB estarão juntos, após várias disputas em campos opostos. O senador Eduardo Braga (PMDB) vai apoiar o prefeito Arthur Virgílio (PSDB), seu adversário histórico e candidato à reeleição. O motivo é a indicação do deputado Marcos Rotta (PMDB) como vice do tucano. Virgílio pode ser candidato ao Senado em 2018, o que deixaria a prefeitura nas mãos do PMDB // Colaborou Guilherme Duarte
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