domingo, 21 de agosto de 2016

Monica Moura já citara ex-ministro

• Mulher do marqueteiro João Santana disse que Mantega intermediou caixa 2

Em agenda, Monica registrou detalhes de encontros com interlocutores de executivos indicados por Mantega

- O Globo

SÃO PAULO - Até a revelação de que pagamentos intermediados por Mantega eram contrapartida por benefícios fiscais obtidos pela Odebrecht, o ex-ministro havia sido mencionado por Monica Moura apenas como intermediário de caixa 2 para campanhas eleitorais do PT. A primeira versão da delação da mulher de João Santana foi recusada pela força tarefa da LavaJato, no início deste ano. No entanto, ela voltou a negociar com os procuradores depois que o marido, João Santana, decidiu também fazer acordo. Na época, por meio de seus advogados, Mantega reconheceu ter mantido encontros com Monica, mas sem ter tratado de contribuições financeiras.

A empresária disse à força tarefa ter recebido recursos de caixa 2 em todas as campanhas que fez para o PT: nas campanhas presidenciais pela eleição e reeleição de Dilma (2010 e 2014), e pela reeleição de Lula (2006), além das campanhas municipais de Fernando Haddad (2012), Marta Suplicy (2008) e Gleisi Hoffmann (2008). Os candidatos negam.


Monica disse ter registrado em uma agenda, que não foi apreendida pela PF, detalhes dos encontros mantidos em hotéis e restaurantes de São Paulo com interlocutores dos executivos indicados por Mantega, com o intuito de recolher as contribuições, que eram entregues em malas de dinheiro.

Na época, as revelações deram novo sentido a anotações do celular do executivo Marcelo Odebrecht citadas em relatório da Polícia Federal. Ao lado da sigla “GM” e do número de celular do ministro, havia a anotação “27M”, que a PF considerou tratar-se de referência a pagamentos de R$ 27 milhões.

Em outras mensagens, o próprio executivo, que assinava emails com a sigla MO, assumiu possível participação na tratativa de contabilidade paralela de campanha. “Campanhas incluindo caixa 2 se houver, era só com MO, que não aceitava vinculação”, escreveu em trecho onde sugere uma possível linha para delação de seus executivos. Em outra nota, ele registrou: “liberar para feira pois meu pessoal não fica sabendo”. Segundo a força-tarefa, “feira” é uma menção a dinheiro que tinha como destinatário final o casal Santana.

No primeiro depoimento prestado à PF, logo depois de ser presa, Monica negou ter recebido caixa 2 por campanhas no Brasil, mas admitiu conhecer Fernando Migliaccio, executivo da Odebrecht que trabalhava na área responsável por realizar pagamentos de propina na empreiteira. Em novo depoimento ao juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, Sérgio Moro, ela admitiu ter recebido no exterior pagamentos destinados a financiar campanha do PT no Brasil.

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