O Estado de S. Paulo
Trump e Brasil: quebra de confiança, relações azedas e incertezas pela frente
O que ainda falta para admitirmos que a ação
impatriótica do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro está funcionando e há uma
escalada do governo Donald Trump contra o Brasil?
Já há três episódios em sequência, para não deixar dúvidas da escalada contra o Brasil. O mais recente veio do secretário de Estado, Marco Rubio, admitindo “grande possibilidade” de aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e que vem após a pressão para o Brasil passar por cima das próprias leis para classificar PCC e CV como “terroristas” e a oferta da embaixada americana de US$ 10 milhões para brasileiros que denunciarem a presença do Hezbollah na Tríplice Fronteira.
São manifestações deselegantes, grosseiras,
desrespeitosas, arrogantes e fora das regras diplomáticas internacionais, uma
clara ingerência em assuntos internos e ameaça à soberania nacional que irritam
Planalto, Supremo, Itamaraty, Defesa, Exército, Ministério da Justiça, Polícia
Federal, parte do Congresso e, espera-se, a opinião pública nacional.
Afinal, onde Trump pretende chegar? E o que
pretendem os Bolsonaro, ao difamar as instituições e atiçar a (ainda) maior
potência contra a Pátria que tanto diziam defender? Para tentar livrar o chefe
do clã da prisão e de futura tornozeleira? Deus, Pátria, Família? Que nada!
Na prática, a ameaça a Moraes é de proibi-lo
de entrar nos EUA, congelar seus bens, cancelar suas contas bancárias e seus
cartões de crédito com bandeira americana e, ainda, encerrar suas contas na
internet. Por enquanto é só ameaça, mas não foi feita por qualquer um, mas pelo
secretário de Estado.
A pressão para classificar PCC e Comando
Vermelho como terroristas é totalmente inadequada. E o tal prêmio de US$ 10
milhões para cidadãos que denunciem a presença do Hezbollah na fronteira entre
Brasil, Paraguai e Argentina? Sem noção...
O diretor-geral da PF, Andrei Passos, aliás,
tem reunião marcada na área na próxima semana para discutir ações conjuntas. E,
por coincidência, ou não, o comandante do Exército, general Tomás Paiva,
recebeu no dia seguinte à oferta de delação o comandante do Exército da África
do Sul e o comandante do Comando Sul dos EUA.
Para o africano, salva de tiros, tapete
vermelho, coquetel. Para o americano, água e cafezinho. Ah! E pão de queijo.
Explicação “técnica”: um tem cargo equivalente ao do general Tomás e o outro é
“apenas” comandante de área. Ah, bem! Está explicado. Mas os cristais estão
trincados, com quebra de confiança e relações cada vez mais azedas. •
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