Deputados do PTB e PSC reavaliam apoio ao governo e falam em se unir ao PR
Partidos cobiçavam o Ministério do Trabalho, mas presidente decidiu manter o controle da pasta nas mãos do PDT
Maria Clara Cabral, Natuza Nery e Márcio Falcão
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto terá que administrar na próxima semana a ameaça de um novo foco de rebelião entre os partidos que apoiam o governo na Câmara dos Deputados.
PTB e PSC estão insatisfeitos com o espaço que têm no governo, e suas bancadas se reunirão na terça-feira para avaliar a conveniência de permanecer na base de apoio à presidente Dilma Rousseff.
Os deputados do PR também vão discutir se acompanham a decisão da bancada do partido no Senado, que na semana passada anunciou que irá para a oposição.
O PTB tem 21 deputados e o PSC tem 17. Nenhum dos dois tem representante no primeiro escalão do governo, mas ambos fazem parte da coalizão que apoia Dilma.
Se romperem com o Planalto e se unirem ao PR, que tem 36 deputados, eles terão controle sobre 74 dos 513 integrantes da Câmara, o suficiente para criar embaraços e impor derrotas ao governo.
Dilma tem indicado que não está disposta a fazer concessões aos rebeldes. Na semana passada, ela substituiu os líderes que fazem a interlocução entre o Planalto e as duas casas do Congresso.
A presidente deve indicar nesta semana o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para o Ministério do Trabalho. O PDT manteve o apoio a Dilma enquanto negociava a nomeação, em vez de fazer ameaças ao governo como os rebeldes.
A movimentação do PTB e do PSC é interpretada por interlocutores do governo como uma resposta à decisão de Dilma de manter com o PDT a pasta, que os outros dois partidos cobiçavam.
Embora não tenha nenhum ministério, o PTB controla a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e a Susep (Superintendência de Seguros Privados).
O estopim da crise entre Dilma e seus aliados foi o veto do Senado à recondução de Bernardo Figueiredo à direção da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), há duas semanas.
A rejeição fez a presidente trocar seus líderes na Câmara e no Senado, o que alimentou o clima de revolta nos partidos e expôs falhas na articulação política do governo.
São duas as preocupações mais imediatas do Planalto. A primeira é apaziguar a ala petista inconformada com a destituição de Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança do governo na Câmara. São 40 dos 86 deputados do PT.
A segunda é impedir que os rebeldes ajudem a instalar CPIs com potencial para criar constrangimento para o governo, como uma que a oposição quer criar para examinar os empréstimos do BNDES a empresas privadas.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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