Altamiro Silva Junior – O Estado de S. Paulo
• Em Nova York, vice de Dilma tenta minimizar impacto do processo desencadeado após denúncia contra Cunha
O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou ontem que existe uma "crisezinha" política no País por causa da decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se tornar oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. "Na verdade, até uma crisezinha política existe, por causa da posição do presidente Eduardo Cunha. Mas institucional é que não existe. Quando eu falei (em palestra) da crise institucional, eu diferenciei da crise política para revelar que o País vive de qualquer maneira uma tranquilidade institucional, apesar de todos esses embaraços. Esses acidentes ou incidentes que ocorrem de vez em quando não devem abalar a crença no País", disse Temer, após fazer uma palestra para investidores e acadêmicos em Nova York.
O vice-presidente declarou que vai continuar a manter o diálogo com o Congresso Nacional, "que tem sido sensível às nossas afirmações, às nossas postulações". "Devemos superar essa breve crise política que estamos tendo no momento."
"Embaraços". Questionando sobre aposição que tem sido defendida em Brasília por alguns políticos, como o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), sobre o afastamento de Cunha da presidência da Câmara enquanto é investigado pela Operação Lava Jato, Temer disse que é uma questão a ser resolvida pela Casa. "É uma decisão do Congresso Nacional. Quanto menos tivermos embaraços institucionais é melhor para o País." Temer, que também é presidente nacional do PMDB, ainda foi questionado sobre a posição de seu colega de partido e presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que declarou no final de semana que o ajuste fiscal que vem sendo conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é "cachorro correndo atrás do rabo" e "enxugar gelo até ele derreter".
"Acho que o Renan quis dizer que o ajuste fiscal ainda não é suficiente. Estamos todos de acordo. Temos que trabalhar mais para arrecadar mais." O vice-presidente declarou que o combate à corrupção no Brasil está sendo feito "às claras". "O que importa não é a existência da corrupção, o que importa é o combate à corrupção, que está sendo feito às claras, nada subterrâneo", afirmou ele, destacando que organismos, como a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário trabalham e funcionam com "toda tranquilidade e independência".
"Estamos passando por um momento de depuração." Temer também minimizou a piora da situação da atividade econômica no País durante sua apresentação. "Crise econômica eu diria que também não temos. O que há é uma necessidade de reacomodação da economia." O vice-presidente ressaltou que até há pouco tempo o País era devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, além de ter saldado as dívidas, tem reservas internacionais na casa dos US$ 370 bilhões.
Leilão. Temer chegou em Nova York na noite de sábado e fez ontem uma apresentação de uma hora para investidores e acadêmicos norte-americanos. Na exposição, ele convidou os norte-americanos a investirem no Pais, principalmente nos projetos de infraestrutura que vão, entrar em leilão em portos, aeroporto, estradas e ferrovias. "O Brasil tem segurança institucional, cumpre contratos", ressaltou.
"Estamos em um clima de estabilidade institucional. Contamos com empresários norte-americanos para investir em infraestrutura no Brasil." Hoje, o vice-presidente volta a fazer uma apresentação em Nova York e, em, seguida, tem encontros reservados com investidores dos Estados Unidos.
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