O Globo
Esses gráficos, e vários outros, foram exibidos ao plenário do Supremo Tribunal Federal na sessão em que a maioria dos ministros decidiu “fatiar” os processos da Operação Lava-Jato, dando maior relevância à questão territorial do que ao esquema da organização criminosa que, mesmo atuando em diversos estados e em várias estatais, tinha um comando único segundo o Ministério Público Federal, e o mesmo objetivo, isto é, acumular dinheiro para o fortalecimento político do grupo petista que está no poder há 13 anos.
O enriquecimento ilícito de vários componentes da organização criminosa é apenas um efeito colateral, e inevitável, do planejamento inicial. Os gráficos têm a função de demonstrar a conexão entre os diversos crimes, inclusive o em que está denunciada a ex-ministra de Dilma, Gleisi Hoffman, que foi o motivo da decisão do STF.
Pelos gráficos vê-se que vários acusados estão envolvidos nos dois esquemas, o da Petrobras e o do Ministério do Planejamento. De um lado, o tesoureiro do PT João Vaccari, o ex-ministro José Dirceu, Gleisi Hoffmann e seu marido — o ex-ministro Paulo Bernardo —e o ex-ministro já falecido Luis Gushiken. De outro, os grupos dos lobistas Milton Pascowitch e Alexandre Romano. E praticamente as mesmas empresas como Engevix, OAS, Queiroz Galvão, Schain. Só o grupo Consist aparece apenas no esquema do Planejamento, mas como consequência da ação dos lobistas Pascowitch e Romano.
O cruzamento de todas as conexões entre si produz um gráfico semelhante a uma imensa teia de aranha em que todos estão emaranhados, ligados em algum momento aos outros esquemas.
Por isso o Procurador Deltan Dallagnol classificou como “uma derrota” a decisão do STF de desmembrar a investigação do grupo Consist. Pelos gráficos, ficamos cientes também de que os novos investigadores desse caso em São Paulo terão muita dificuldade para se entranhar nas investigações, e precisarão contar com o apoio de membros da força-tarefa de Curitiba para não começarem do zero, o que provavelmente é a intenção dos advogados que defenderam o desmembramento.
Os procuradores tiveram reconhecidos seus méritos nesta operação, que já está em andamento desde março do ano passado, e ontem receberam em Nova York prêmio concedido pela Global Investigation Review, instituição que apoia o combate à corrupção em todo o mundo. Superaram inclusive a equipe do FBI que investiga o escândalo da Fifa.
O ministro do STF Gilmar Mendes, que foi voto vencido juntamente com o ministro Celso de Mello, está preocupado com a sequência das investigações, e prevendo que novos casos serão analisados, considera que será preciso montar uma coordenação nacional para garantir que todos os casos tenham o mesmo tratamento, e não se percam nos meandros do Judiciário, como teme o juiz Sérgio Moro.
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