Partidos como o PP esperarão cenário mais claro para definir alianças
Maria Lima e Bruno Góes | O Globo
-BRASÍLIA- O pragmatismo vai ditar os rumos do PP na disputa para presidente da República. Principal e mais forte partido do centrão, o PP só irá jogar suas fichas no cavalo ganhador e vai esperar até o último minuto para medir a temperatura e farejar o candidato com mais chances de chegar ao Planalto. Não hesitará, por exemplo, em abandonar a articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta comandar um blocão formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade para atuar de forma conjunta na eleição presidencial e ter influência também na próxima legislatura do Congresso Nacional.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), se define como homem pragmático e diz que não há nada decidido nem em relação ao blocão de Maia, nem sobre o candidato a presidente que terá o apoio e o tempo de TV do partido. O mais provável é apoiar um candidato, mas liberar o partido para alianças com outras siglas nas eleições estaduais. Foi a fórmula bemsucedida empregada pelo PP em 2010, quando a legenda integrou oficialmente a chapa do PT que elegeu Dilma Rousseff para o Palácio do Planalto.
Pelo levantamento informal feito por integrantes do PP, hoje são 11 os diretórios estaduais mais propensos a apoiar, nacionalmente, o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin (RS, ES, RJ, SC, GO, DF, MT, PR, SP, PA, AC).
Como o PP é bem forte no Nordeste, em segundo lugar nas preferências vem o précandidato do PDT, o cearense Ciro Gomes, com oito diretórios a seu favor (PI, PB, SE, CE, PE, MS, RN, AL). O pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles, tem a preferência de três executivas estaduais (MG, RO, RR). Com o pré-candidato do PT, seja ele o ex-presidente Lula ou outro, estão os diretórios da Bahia e do Maranhão.
Apesar da divisão interna, o PP mantém conversas frequentes com DEM, PR, PRB e Solidariedade. Essas legendas ora sinalizam um caminho em comum, ora indicam que se separarão. O DEM decidiu sepultar a candidatura de Rodrigo Maia à Presidência e se mostra dividido entre Ciro, Alckmin e Josué Gomes (PR).
O PR, partido de Josué, espera o resultado de uma pesquisa qualitativa encomendada pelo chefe do partido, Valdemar Costa Neto, para avaliar a possibilidade de sucesso em uma possível candidatura. Segundo um dirigente do partido, entretanto, um terço dos parlamentares da sigla são favoráveis à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). O capitão da reserva do Exército já expressou ser a favor de uma chapa com o senador Magno Malta (PR-ES) como vice.
Em avaliação feita a aliados, Valdemar disse que vê Geraldo Alckmin com poucas chances de decolar e que Bolsonaro está praticamente certo no segundo turno. O partido ainda mantém uma interlocução muito boa com o PT.
— Alckmin não tem demonstrado a capilaridade necessária para sair de onde está nas pesquisas. Além disso, perde até em São Paulo para o Bolsonaro — diz José Rocha, líder do partido na Câmara.
O PRB tem como pré-candidato o dono da Riachuelo, Flávio Rocha. Mas também trabalha com alternativas caso o empresário não decole. Na semana passada, o presidente do partido, Marcos Pereira, conversou com Renata Abreu, presidente do Podemos, legenda que tem como pré-candidato Álvaro Dias. Analisaram o cenário eleitoral, mas não chegaram a um acordo. De todos os pré-candidatos de centro, Álvaro Dias é o que tem mais resistência em retirar a candidatura. O Solidariedade, liderado por Paulinho da Força, chegou a lançar Aldo Rebelo ao Planalto, mas está disposto a negociar uma solução conjunta, principalmente em combinação com Rodrigo Maia.
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