Coisas
da política americana
Imagine
a seguinte situação. A poucos dias do segundo turno da eleição de 2022,
ameaçado de não se reeleger, Jair Bolsonaro, aconselhado por assessores,
concorda em negociar com a oposição um pacote de socorro aos brasileiros que
mais sofreram com os efeitos da pandemia do coronavírus.
A
oposição no Congresso quer um pacote o mais generoso possível. Bolsonaro está
de acordo porque seria uma chance de não ser derrotado. Mas, o conjunto de
partidos que apoia o governo é contra. Alega que suas bases eleitorais,
predominantemente conservadoras, acham o pacote um exagero. Questão de
ideologia.
Essa
é a situação que vive neste momento o presidente Donald Trump. Ele e o Partido
Democrata negociam um pacote que poderá injetar na economia algo como pouco
mais de dois trilhões de dólares além do que já foi gasto até aqui com os
americanos mais afetados pelo Covid-19. O Partido Republicano discorda.
Segundo
o jornal The New York Times, o senador Mitch McConnell, líder dos republicanos,
disse ontem a seus colegas que havia alertado a Casa Branca para não chegar a
um acordo pré-eleitoral com a presidente da Câmara dos Representantes dos
Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi.
Pelosi
e o Secretário do Tesouro, autorizado por Trump, já ultrapassaram a casa dos
1,8 trilhão de dólares na discussão sobre o tamanho da ajuda. Trump quer mais.
McConnell garante que o máximo que os republicanos poderiam tolerar seria um
pacote de 500 bilhões. Sem os votos dos democratas, não haverá pacote.
Em
outra frente, Trump pressiona o Secretário de Justiça William Barr a abrir uma
investigação sobre um novo e suposto escândalo que envolveria Joe Biden, candidato
do Partido Democrata a presidente, e o laptop de seu filho Hunter. “Temos de
fazer o Secretário de Justiça agir”, disse Trump à Fox News.
Um
e-mail encontrado em um laptop que Hunter Biden teria deixado em uma
assistência técnica daria conta que ele marcara uma reunião entre seu pai, à
época vice-presidente de Barack Obama, e um funcionário da Burisma, empresa
ucraniana de energia que pagava para ter Hunter no seu conselho de acionistas.
O
jornal New York Post publicou a história cuja fonte original é Rudy Giuliani,
advogado de Trump. O FBI investiga se o material entregue ao jornal está ligado
a um esforço de desinformação russo. Biden afirma que o encontro nunca ocorreu.
Trump abordará o assunto no debate de amanhã com Biden, o último.
Para Trump, na reta final da campanha, vale tudo para dar a volta por cima. As pesquisas de intenção de voto apontam Biden como favorito.
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