Ministério persegue críticos do presidente e estimula polícias a seguir diretriz
O
governo criou um aparato para perseguir críticos de Jair Bolsonaro. O
Ministério da Justiça, a Polícia Federal, o Ministério da Educação, a
Controladoria-Geral da União e polícias locais já foram atrás de gente que
chamou o presidente de genocida ou de "pequi roído". Não é
coincidência, é doutrina.
A política oficial desceu dos gabinetes de Brasília para os quartéis. Nesta quinta (18), um grupo foi detido pela Polícia Militar da capital por estender um cartaz que criticava Bolsonaro e o associava a uma suástica. Os agentes viram uma ameaça à segurança nacional e levaram os manifestantes para a Polícia Federal. Eles foram liberados porque o delegado viu o óbvio: não havia crime.
As
polícias locais não têm competência para investigar infrações à ordem política
e social, como as previstas da Lei de Segurança Nacional. Ainda assim, outras
autoridades nos estados passaram a lançar acusações contra críticos de
Bolsonaro.
No
Rio, a Polícia Civil intimou o youtuber Felipe Neto por ter se referido ao
presidente como genocida. A juíza Gisele Guida de Faria reconheceu que um
delegado estadual não poderia abrir o caso e mandou
suspender a investigação.
A
inspiração partiu do Ministério da Justiça. A pasta já acionou a Polícia
Federal para investigar jornalistas, advogados e outros críticos do presidente.
Num dos casos, o ministro André Mendonça ficou incomodado com o autor de um
outdoor em Palmas que dizia que Bolsonaro valia menos
do que um "pequi roído".
Boa
parte desses procedimentos deve ser barrada na Justiça ou acabar numa gaveta,
mas o objetivo não é levar a investigação adiante. A ideia é acuar os críticos
de Bolsonaro e estimular a polícia dos estados a seguir essa diretriz, mesmo
que cometa abusos no caminho.
A campanha reflete a essência autoritária do bolsonarismo, que busca um dispositivo da ditadura para calar desafetos. Mas o movimento também revela o medo de um governo fragilizado. Nenhum presidente forte precisa intimidar seus críticos.
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