Na quarta-feira
passada, foram simultaneamente publicados o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
para 2026 e o 99º. Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) da IFI. Ambos
revelam com ênfases diferentes a atual marcha da insensatez.
O RAF 99 atualiza os cenários para 2025 e
2026. Aponta que o governo federal deverá cumprir a meta fiscal deste ano,
apesar de projetar um déficit primário real (sem as despesas financeiras) de 64,2
bilhões de reais, ou seja, 0,51% do PIB. Vale esclarecer ao leitor que o Brasil
precisaria para estancar o crescimento da dívida pública, fato péssimo para a
economia e herança maldita para nossos filhos e netos, de um resultado positivo
de pelo menos 250 bilhões de reais (2% do PIB). Enquanto isso ficamos dançando o
bolero de João Bosco e Aldir Blanc, DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ. O orçamento
aprovado aponta um superávit primário de 15 bilhões, enquanto a IFI fala que o
resultado será negativo em 64,2 bilhões.
A meta fiscal de 2025
apenas será cumprida em função da margem de tolerância prevista e às deduções
autorizadas (precatórios judiciais) pela legislação vigente. A IFI enxerga um
superestimação da receita no orçamento de 2025 em torno de 54,2 bilhões,
principalmente em receitas extraordinárias e condicionadas. A pior notícia é
que a situação piora em 2026 (déficit de 0,95 do PIB) e chega a um
estrangulamento radical em 2027. Ou seja, o próximo presidente da República,
seja ele que for, herdará uma situação gravíssima e terá um encontro inevitável
com uma profunda reforma fiscal.
Como resultado dos
resultados primários ruins, das taxas de juros altas e do encolhimento do
crescimento da economia, a dívida bruta do governo geral fechará 2025 em 79,8%
do PIB, e chegará em 84,0% em 2026, nível bastante preocupante para um país
emergente. A relação dívida pública/PIB é o principal termômetro acerca da
saúde financeiro de um país.
Todo esse drama
fiscal descrito pela IFI foi confirmado pelos números do próprio governo no
PLDO/2026. Na penúltima tabela oferecida pelo próprio governo está lá: as
despesas não obrigatórias (a margem efetiva de liberdade para o governo
governar, para além das despesas obrigatórias) despencarão de 1,8% das despesas
totais em 2025 para 1,5%, 0,8%,0,4% e 0,1% em 26, 27, 28 e 29, respectivamente.
Vale dizer, se nada for feito, em 2027 teremos um grave estrangulamento máquina
do governo e em 2029 o governo não mais governará, será mero repassador do
dinheiro dos impostos.
O Brasil não produz
os resultados primários que precisa, a dívida pública cresce célere e os
investimento despencam. E a maioria das lideranças políticas, econômicas e
sociais parecem não perceber a gravidade do quadro.
O primeiro passo para as mudanças necessárias é a consciência do problema. Acorda Brasil!
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