Hugo Henud / O Estado de S. Paulo
Líder do governo no Congresso afirma que
papel da atual gestão é diminuir protagonismo do Legislativo Senador pelo
Estado do Amapá e professor de Direito, é o terceiro líder do governo no
Congresso desde o início da atual gestão do presidente
Líder do governo Lula no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) avalia que a eleição de 2026 não será definida pelo eixo tradicional entre direita e esquerda, mas por uma disputa mais profunda entre democracia e autoritarismo. Em entrevista ao Estadão, o congressista afirma que “a grande disputa de 2026 será entre democratas e autocratas, não entre direita e esquerda”. Randolfe afirma que o governo Lula precisa atuar para conter o avanço do Congresso sobre o Orçamento federal, que aprovou para 2025 R$ 50,4 bilhões em emendas parlamentares. “Hoje, 20% das receitas discricionárias da União estão sob responsabilidade do Congresso. O papel do Executivo é não permitir que haja um avanço maior do Legislativo sobre a peça orçamentária.”
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Ao projetar o cenário para 2026, o senhor
enxerga a disputa eleitoral se desenhando novamente entre Lula e um nome da
direita?
A nossa divisão atual não é entre direita e
esquerda. O governo do presidente Lula não é um governo de esquerda, é um
governo de centro. É um governo de frente ampla. Por isso, o grande desafio da
eleição de 2026 está entre aqueles que defendem a democracia como o melhor
regime político, ou seja, que defendem os valores dos últimos 200 anos, de um
lado, e os autocratas, que querem romper com esses valores, de outro.
Acredita que ainda é possível reverter esse
cenário de radicalização?
E essa não é uma circunstância que dependa
única e exclusivamente da sociedade brasileira; ela faz parte de um movimento
global que está em curso. No caso do Brasil, a melhor forma de reunir os
brasileiros novamente é o governo atuar de forma republicana.
Como o senhor avalia a atual relação entre
Executivo e Congresso?
Eu acho que se processou, sobretudo durante o
governo anterior, do Bolsonaro, uma deformação do nosso presidencialismo de
coalizão. Vendo essa lacuna, esse vácuo, por óbvio, o Legislativo avançou sobre
o orçamento, criando um espaço maior para interferir no orçamento público.
Hoje, 20% das receitas discricionárias da União estão sob responsabilidade do
Congresso. Esses recursos estão sendo executados pelo Legislativo. Isso, em
relação ao presidencialismo como nós conhecemos, é, de fato, uma distorção. O
papel do Executivo hoje é não permitir que haja um avanço maior do Legislativo
sobre a peça orçamentária – o que prejudicaria o próprio funcionamento do
Executivo e criaria também uma nova distorção no nosso presidencialismo de
coalizão.
Esse é o modelo de governabilidade, então?
Optou-se por um modelo de governabilidade em
que o Executivo, na prática, abria mão do orçamento, dando origem ao que
outrora foi chamado de orçamento secreto e à situação atual. Qualquer
modificação do sistema de governo não pode, hoje, ser feita por decisão do
Parlamento. Se assim fosse, o Parlamento estaria sequestrando uma decisão que
emana da vontade popular.
“O papel do Executivo hoje é não permitir que
haja um avanço maior do Legislativo sobre a peça orçamentária – o que
prejudicaria o próprio funcionamento do Executivo”
Randolfe Rodrigues Líder do governo no Congresso
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