terça-feira, 15 de setembro de 2009

Obama adverte bancos que 'era de excessos' não voltará

Patrícia Campos Mello, Correspondente, Washington
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

No primeiro aniversário da quebra do banco Lehman Brothers, marco da atual crise global, o presidente Barack Obama advertiu Wall Street:

"Alguns no setor financeiro estão ignorando as lições do Lehman Brothers" e voltando aos maus hábitos do passado. "Nós não vamos voltar à era de comportamento irresponsável e excessos que originaram essa crise", disse Obama, que exortou os bancos a se unir à Casa Branca e ao Congresso nos esforços de aprovar uma reforma regulatória. "Wall Street não pode voltar a assumir riscos sem se importar com as consequências e esperar que o contribuinte americano resgate os bancos de novo”. Muitas instituições voltaram a oferecer investimentos de alto risco, mesmo as que receberam bilhões do governo para sair da crise causada por esses instrumentos.


Obama faz alerta a banqueiros

No dia em que a quebra do Lehman Brothers completou um ano, o presidente Barack Obama fez uma séria advertência a Wall Street: "alguns no setor financeiro estão ignorando as lições do Lehman Brothers" e voltando aos maus hábitos do passado. "Nós não vamos voltar à era de comportamento irresponsável e excessos que originaram essa crise", disse Obama em discurso em Nova York, exortando os bancos a se unirem à Casa Branca e ao Congresso nos esforços de aprovar uma reforma regulatória até o fim do ano. "Wall Street não pode voltar a assumir riscos sem se importar com as consequências e esperar que o contribuinte americano resgate os bancos de novo."

Obama disse que a situação está melhorando e que diminui a necessidade de intervenção do governo. Mas advertiu os bancos a não se tornarem complacentes à medida que a economia volta à normalidade. Muitos bancos voltaram a oferecer hipotecas de alto risco e derivativos exóticos, mesmo aqueles que receberam bilhões de ajuda do governo para sair da crise causada por esses mesmos instrumentos.

Obama propõe reformas, em tramitação no Congresso, que dariam origem a uma agência de proteção ao consumidor de produtos financeiros, aumento nas exigências de capital para bancos, maior supervisão nas negociações de derivativos, limites para a alavavancagem de bancos e um mecanismo para lidar com a quebra de instituições estratégicas, aquelas cuja falência ameaça a estabilidade de todo o sistema financeiro. Muitas instituições financeiras se opõem a essas reformas, temendo que elas se tornem muito rígidas e inibam crédito e inovação.

"Os velhos hábitos que levaram à crise não podem continuar", disse. "E na medida em que muitos deles já voltaram, isso enfatiza a necessidade de mudança, mudança já. Não podemos permitir que a história se repita."

Executivos de finanças e banqueiros afirmaram concordar com a necessidade de reforma, mas manifestaram reserva em relação à magnitude da regulamentação. (ver matéria na pág B3). "O Citigroup vai fazer o máximo para cumprir as expectativas do presidente", disse Richard Parsons, presidente do conselho do Citigroup.

Obama disse que os bancos deveriam começar a pagá-la antes mesmo de as reformas de regulamentação se tornarem lei, ajudando consumidores a renegociarem suas hipotecas e deixando que seus acionistas votem em limites de compensação para executivos. "Muitas das empresas que voltaram a prosperar têm uma dívida com o povo americano", disse Obama. "Não é certo que, depois de terem se recuperado com ajuda do governo, vocês ignorem sua obrigação de ajudar na recuperação da economia toda e de tornar o sistema mais estável."

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