- Folha de S. Paulo
Comparações de personagens históricos costumam ser perigosas. Quando são feitas em Brasília, mais ainda. Eduardo Cunha não está nos livros de história, mas tem se esforçado para garantir seu espaço no futuro. Ainda não está claro até onde ele conseguirá chegar e como será lembrado.
Nesta quarta, o peemedebista abriu caminho para uma obra polêmica: a construção de três novos anexos na Câmara, incluindo o chamado shopping dos deputados. O custo é estimado em R$ 1 bilhão, e a empreiteira poderá explorar um complexo de lojas e restaurantes.
As manobras para aprovar o plano fizeram partidos rivais ensaiarem uma rebelião inédita contra Cunha. Os debates foram acalorados até mesmo para os padrões de sua breve gestão. O deputado foi chamado de "ditador" e acusado de mudar a lei para fazer negócios.
Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que a proposta "vai ser lida como propina, maracutaia, irresponsabilidade". Ele comparou Cunha ao marechal soviético Josef Stálin, por rejeitar um recurso contra a ideia.
Os protestos não contiveram o ímpeto empreendedor do peemedebista, que seduziu os colegas com a promessa de ampliar seus gabinetes. "Os deputados novos e os deputados antigos querem melhores condições de trabalho", disse Darcísio Perdondi (PMDB-RS), que chamou as salas atuais de "cubículos".
"Não podemos viver eternamente com complexo de vira-lata", emendou Heráclito Fortes (PSB-PI).
Vitorioso, Cunha passou a ser festejado por entusiastas do shopping. "Vossa Excelência está sendo um presidente do sindicato dos deputados, que defende os interesses dos deputados. Parabéns!", elogiou Giovani Cherini (PDT-RS).
Empolgado, Edson Moreira (PTN-MG) comparou o peemedebista ao presidente Juscelino Kubitschek, que construiu Brasília. "Vossa Excelência está mostrando a coragem que JK mostrou", exaltou.
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