Para sindicatos, redução de IPI deve estar vinculada a maior conteúdo nacional
Wagner Gomes
SÃO PAULO. As centrais sindicais vão insistir com o governo para que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos seja condicionada a um índice de nacionalização de peças de 80%, e não de 60%, conforme previsto na nova política industrial Brasil Maior. O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, disse que o aumento do conteúdo nacional de peças será fundamental para a elevação da produção local e a manutenção dos empregos no Brasil.
- O governo está propondo às montadoras um índice de nacionalização de 60% para oferecer os benefícios fiscais. Mas nós não vamos aceitar isso. Há uma enxurrada de importados entrando no país e nós vamos entrar numa queda de braço para garantir o aumento da produção no Brasil - disse Severo.
Pela proposta do governo, publicada por meio de medida provisória, o IPI teria redução até julho de 2016. Em 2008, durante a crise, o imposto dos carros também caiu. Além de um índice de nacionalização mais alto, os sindicalistas exigem que a redução do imposto seja repassada também aos consumidores com a queda no preço dos carros. Outra proposta é que a jornada de trabalho passe de 44 para 40 horas semanais.
- Essas contrapartidas são fundamentais. Não se pode reduzir impostos para aumentar o caixa das montadoras. Qualquer benefício do governo para o setor privado precisa ser repassado aos trabalhadores e aos consumidores - afirmou o secretário-geral da CUT.
O governo já avisou às montadoras que, se não houver contrapartida no índice de nacionalização de peças, investimento em inovação e metas de eficiência energética, poderá manter o IPI dos carros como está ou elevar o imposto aos que não se enquadrarem às regras do novo regime automotivo que está sendo desenhado. Representantes da indústria estiveram anteontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tentar chegar a um entendimento. Um executivo da Anfavea negou que haja resistência ao acordo e informou que continua em negociação com o governo.
FONTE: O GLOBO
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