• Importação de máquinas está em colapso, quase como em 2009 e 2003; indústria nacional não vai melhor
- Folha de S. Paulo
Os investimentos devem ter chegado a um nível próximo do desastre no final do ano passado. Na melhor das hipóteses, devem andar por esta vizinhança lúgubre agora. A coisa não vai melhorar tão cedo, a julgar pelos números horríveis da importação de bens de capital e pelos efeitos do Petrolão.
Trata-se aqui de investimento no sentido de ampliação da capacidade de produção, em máquinas, equipamentos e instalações produtivas. Os números mais recentes da produção industrial mensal referem-se a dezembro; os de investimento total são do terceiro trimestre de 2014 (dados do PIB). Amanhã, saem os de janeiro. Mas o cheiro de queimado com notas de torrado está no ar.
Ontem foram publicadas as informações do comércio exterior de fevereiro, quando se soube de outro tombo horrível na importação de bens de capital, basicamente máquinas industriais, suas peças e equipamento de transporte. Em geral, os níveis de investimentos e de importações de bens de capital andam na mesma direção, quando não em paralelo, de mãos dadas.
Os números da produção industrial e de importação de bens de capital do trimestre final de 2014 sugerem um colapso do investimento parecido com o de 2009, desânimo devido ao grande pânico da crise que estourou em 2008 e levou o Brasil a uma pequena e rápida recessão. Quão grande será a recessão de agora não se sabe, mas ela não será tão rápida.
A importação de bens de capital dá tropeços feios desde o início de 2014. Desde novembro, mergulha em parafuso. Outra vez, coisa quase tão feia assim não se via desde 2009. Antes disso, apenas em 2003.
Não há indicador que permita vislumbrar um futuro imediato menos sombrio. A confiança dos agentes econômicos anda em baixa histórica, as taxas de juros sobem, o corte de gastos do governo, em investimentos ou outros, parece que será brutal.
Como se não bastasse, como se sabe, a crise da Petrobras vai muito além do corte de investimentos da empresa que mais investe no país, em si mesmo um desastre.
Descobertas chafurdando no lamaçal que seria o Petrolão, as empreiteiras maiores estão avariadas ou por vezes quase paralisadas com rolos policiais e jurídicos, falta de crédito, risco de perder negócios com o governo e, nalguns casos, com problemas imediatos de solvência.
Pode piorar. O fato de o setor estar com lama até o queixo vai atrapalhar, no mínimo adiar por um bom tempo, qualquer programa do governo de fazer mais concessões de infraestrutura (transferir a operação de estradas, ferrovias, aeroportos, portos etc. à iniciativa privada).
Trata-se, pois, de um desastre "barba, cabelo e bigode".
No final de 2010, último ano antes de Dilma Rousseff, a taxa de investimento estava em torno de 19,5% do PIB, baixa para um país de renda média que pretendia crescer mais rapidamente. No terceiro trimestre do ano passado, em 17,3%. Vai cair para menos.
Programas de sustentação do investimento a juro zero para empresa gigante, desonerações de impostos, proteções comerciais, o diabo, nada da política industrial de Dilma 1 funcionou. Pior: contribuiu para criar desarranjo econômico ainda maior ao estropiar as contas públicas.
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