Folha de S. Paulo
Daqui até agosto, governo tem boas
oportunidades de reverter o tumulto financeiro
Daqui até o fim de agosto haverá
oportunidades de superar o tumulto que contribuiu para encarecer o dólar e
elevar ainda mais as taxas de juros.
A taxa de juros e o preço do dólar no Brasil
dependem, em parte, do nível da taxa de juros nos EUA, o que por sua vez
depende parte de expectativas de inflação. No opiniômetro financeiro,
acredita-se agora que a inflação irá aos poucos dos 3% ao ano de maio para a
meta de 2%.
A taxa básica de juros americana não deve ser talhada já na reunião de 31 de julho. Mas, no fim deste mês, o Fed pode dar sinais de que o arrocho vai diminuir. As taxas de mercado cairiam.
Seria um alívio por aqui, caso não houver
mais bobagem doméstica. Juros e dólar voltaram a aumentar em março, então quase
apenas por causa da mudança de ventos nos EUA.
Lembrete: o dólar ficou pela casa de R$ 4,95
no primeiro terço daquele mês. A taxa de juros de um ano baixara a 9,75% ao ano
(está em 10,88%, depois de bater em 11,4% no início de julho, maior ainda que
a Selic).
O dólar está acima de R$ 5,20 desde 3 de
junho (média móvel de cinco dias); acima de R$ 5,40 desde 19 de junho. Um mês
de estrago não é lá grande coisa. Se terminar o ano ainda em R$ 5,22, como ora
chuta "o mercado", não vai ser bom.
"O povo mais pobre, o povo mais humilde,
quando tem um pouquinho de dinheiro, ele não compra dólar, ele compra
comida", disse Luiz Inácio Lula da
Silva a empresários nesta terça-feira. Não compra dólar, mas come dólar na
forma de preço de alimentos, influenciados por cotações internacionais. Dólar
mais caro também tende a prejudicar investimentos (a importação de máquinas
etc.).
Aparentemente, Fernando
Haddad conteve o incêndio de junho e convenceu o governo a
aceitar contenção de despesas. A ver o que vai dar.
Banqueiros têm dado apoio ao ministro, em
declarações públicas e privadas cada vez mais frequentes. Empresários maiores e
até vários dos que vociferavam contra impostos baixaram o tom. Um BC mais
comedido na falação pode ajudar. Há tentativas de acalmar o ambiente.
O ambiente, porém, não está calmo. No início
de março, nas projeções de
economistas compiladas pelo BC, a Selic iria a 9% no final do ano
(agora, ficaria em 10,5%). O dólar estaria em R$ 4,93. Se o leitor não acredita
na estimativa, pense que tais valores são uma espécie de preço que os donos do
dinheiro estão inclinados a cobrar. Na prática, é o que interessa.
Como está evidente, essas projeções viram
como birutas, a depender do vento da finança lá fora, aqui dentro, do crédito
do governo e até de estimativas de crescimento. No entanto, é mais fácil
quebrar um vaso do que colar seus pedaços. O vaso fiscal, já avariado, quebrou
de novo entre maio e julho.
Lula disse também que a economia pode
crescer 2,5% neste ano. Pode. Não é grande coisa, dada a feia necessidade no
Brasil, mas é quase o dobro do ritmo mais alto que se viu no país entre 2013 e
2020, antes da epidemia.
Para crescer mais, de modo duradouro, o país
tem de resolver muito problema. Mas, no curto prazo, 2,5% ajuda bem. Não fazer
bobagem também ajuda.
2 comentários:
" O povo mais pobre, o povo mais humilde, quando tem um pouquinho de dinheiro, ele não compra dólar, ele compra comida. "
Blá, blá, blá, blá, blá...
🙄😒
Sei.
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