• Ala do partido prefere que Dilma prometa governo em novas bases
Fernanda Krakovics - O Globo
O PT está dividido quanto à melhor estratégia para tentar reverter o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Ex-ministros próximos de Dilma e senadores do PT defendem que ela se comprometa com eleições antecipadas, por meio de um plebiscito ou com uma proposta de emenda constitucional. Mas uma ala do partido, que inclui o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos mais próximos do expresidente Lula, afirma que esse caminho não tem apoio dos movimentos sociais.
Esse grupo quer que Dilma se comprometa a fazer um governo em novas bases, cumprindo o programa defendido nas eleições de 2014, que não inclui o ajuste fiscal implementado por ela depois de reeleita. Seria uma espécie de nova “carta ao povo brasileiro”, mas com acenos para a base social petista, e não para o mercado, como fez Lula nas eleições de 2002.
Os petistas apostam no desgaste do governo interino de Michel Temer , tanto pela Operação Lava-Jato quanto pelo que chamam de “desmonte” dos programas sociais. Para o partido, no entanto, isso não seria suficiente para reverter o processo de impeachment e recuperar a legitimidade de Dilma.
— Eu simpatizo com a ideia de que, diante do impasse político, chamar o povo para participar é a melhor saída — afirmou um ex-ministro próximo de Dilma, defendendo novas eleições.
Segundo integrantes do PT, entre os movimentos sociais, só o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) concorda com novas eleições. Já a Frente Brasil Popular e a maior parte da Central Única dos Trabalhadores (CUT) consideram que essa saída seria se render ao que chamam de “golpe”.
— Isso (novas eleições) dividiria nosso movimento. O mandato da presidente é legítimo. Espera-se é uma mudança no estilo dela, que passa pela aplicação do programa de governo da eleição de 2014, e não o que ela vinha praticando, de ajuste em cima de setores populares. Apostamos que a derrota sofrida contribua para isso — afirmou Gilberto Carvalho.
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