Senador mineiro e pré-candidato à Presidência da República foi orador da solenidade de entrega da Medalha Inconfidência
Ezequiel Fagundes – O Globo
BELO HORIZONTE — O senador e pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) usou a tradicional solenidade em homenagem a Tiradentes, na cidade histórica de Ouro Preto, para reafirmar as fortes críticas que vem fazendo ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Orador oficial do evento de entrega da Medalha Inconfidência, Aécio evitou nomes, mas em discurso forte declarou que o país não suporta mais escândalos de corrupção. Em rápida entrevista antes da solenidade, ele voltou a comentar sobre a expectativa positiva da oposição em relação à criação da CPI da Petrobras, que nesta semana será avaliada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
— A CPI é uma demanda da sociedade, é um instrumento da minoria. Estamos animados com sua criação.
Em seu pronunciamento, o senador tucano também fez referência à falta de infraestrutura, inflação, violência e da necessidade de novo pacto federativo e reforma política.
— O país também nos exige rigor, responsabilidade e austeridade na condução do estado. Rechaça, e rechaça de forma vigorosa, os escândalos em série, intermináveis e vergonhosos, que nos humilham como povo e reduzem nossa dimensão perante a comunidade internacional. Não é esse o Brasil que queremos. O país nos cobra, exausto e indignado, a necessidade de uma reforma política, onde não haja mais qualquer espaço para a conivência, o aparelhamento, o compadrio, os desvios de conduta e a corrupção endêmica que tomou de assalto o estado nacional — defendeu.
Neste ano, o evento em Ouro Preto homenageou 240 personalidades, entre elas políticos, empresários e membros do judiciário. No grande palanque montado na praça principal da cidade, o presidenciável criticou o aumento da violência nos estados.
— Apesar dos avanços das ultimas três décadas, resultado da contribuição de diferentes líderes e gerações de brasileiros, permanecemos portadores de uma das maiores desigualdades do planeta.
Novas crises se acumulam e nos exigem vigilância atenta e disposição à luta. O país assiste, passivamente, um forte recrudescimento da violência em cada um dos estados federados. São mais vidas perdidas do que nas guerras ao redor do mundo. Uma geração inteira de brasileiros se esvai vitimada pela brutalidade ou aliciada pelo crime. Da mesma forma, o país não aceita o regime de insuficiências elevado à enésima irresponsabilidade, que tanto precariza o sistema nacional de atendimento à saúde pública: as filas intermináveis, a espera humilhante, a falta de médicos, leitos, remédios e respeito a quem mais precisa e menos tem — discursou.
Primeiro a discursar, o prefeito de Ouro Preto, Zé Leandro (PSDB), explicitou o tom de campanha eleitoral ao evento.
— Minas Gerais vai eleger o presidente da República — declarou.
Dezenas de PMs foram destacados para fazer o isolamento de pessoas e manifestantes que foram afastados da Praça Tiradentes, onde a solenidade foi realizada. Várias barreiras foram montadas em diversos pontos de Ouro Preto, impedindo o acesso de carros e pessoas ao centro histórico. Apenas grupos de militantes governistas puderam acompanhar de perto a solenidade.
A Medalha da Inconfidência foi criada em 1952, pelo governador Juscelino Kubitscheck, para homenagear pessoas que prestaram relevantes serviços para a promoção de Minas. É a maior comenda concedida pelo estado.
Nos últimos dez anos, a cerimônia já rendeu homenagens a diversas personalidades brasileiras, cada um em seu campo de atuação, desde o ministro Joaquim Barbosa, orador em 2013, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, orador em 2012, até a atriz Fernanda Montenegro, em 2004.
Também foram oradores da Medalha da Inconfidência nos últimos anos a presidente Dilma Rousseff (2011), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003), a ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia Rocha (2010), o embaixador da França no Brasil, Antoine Pouillieute (2009), o então vice-presidente da República José Alencar (2008), o arquiteto Oscar Niemeyer (2007), Maria Estela Kubitschek (2006) e o ex-presidente de Portugal Mário Soares (2005).
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