A paridade dos preços internos com os externos é essencial para a desejada atração de sócios para o refino, rompendo-se tabu criado há décadas
Maior empresa brasileira, de envergadura com proporções gigantescas, mesmo em padrões mundiais, a Petrobras passa por importantes transformações, permitidas pelo afastamento do poder do nacional-populismo de Dilma e Lula, no impeachment da presidente, por crime de responsabilidade. O tempo da nova administração, com Pedro Parente à frente, ministro chefe da Casa-Civil de Fernando Henrique Cardoso, é curto, porém os danos causados pelo lulopetismo na estatal foram tão sérios que apenas uma terapia profunda evitaria que a empresa tivesse de ser socorrida pelo Tesouro, com o país em grave crise fiscal. Deu certo.
Sufocada pela maior dívida corporativa do mundo (meio trilhão de reais), a empresa passou a vender ativos — como aconselhava a sensatez. Há um programa de venda de US$ 21 bilhões entre este e o ano que vem. Com Dilma-Lula, o BNDES repassaria recursos recebidos do Tesouro, que se endividaria para isso, numa ciranda cujo resultado seria o mesmo desarranjo fiscal que terminou sendo provocado por Dilma com seu “novo marco macro econômico”.
O Congresso aprovou mudanças estratégicas no modelo estatista, intervencionista de exigência de índices irreais de conteúdo nacional para equipamentos contratados pelos consórcios vencedores de rodadas de licitação. Isso voltou a atrair investidores estrangeiros. Reviu-se a delirante regra que concedeu à Petrobras monopólio na operação no pré-sal e fixava a participação compulsória da estatal em 30% dos consórcios.
Na distribuição e no refino, esboça-se uma revolução. A começar pela venda do controle da BR Distribuidora, símbolo da cultura estatizante. Criada ainda com Ernesto Geisel na presidência da Petrobras, a distribuidora surgiu para evitar, na marra, o crescimento da Shell e de qualquer outra empresa privada no ramo. Esta operação, se concretizada, será um marco histórico da nova visão da empresa no mercado de combustíveis.
É parte dessas mudanças a conexão dos preços internos aos externos, como em grandes e desenvolvidas economias. Daí, gasolina, diesel etc. estarem oscilando nas refinarias brasileiras. Algo impensável nas últimas décadas. Esta regra simples teria impedido desastrosas intervenções nos preços dos combustíveis, para conter artificialmente a inflação. A torcida é para que Dilma Rousseff tenha sido o último exemplo.
O alinhamento dos preços internos aos externos é essencial a fim de atrair interessados na BR e, para além disso, conseguir sócios no parque de refino — para sua modernização, na construção de novas unidades, no que for. Até para a privatização da própria empresa, o ideal.
Há uma chance de integração efetiva da Petrobras ao mundo, benéfica para o país e a companhia. São mudanças profundas em muito pouco tempo, e que mostram resultados na recuperação da companhia, com a volta de investidores. Tudo pode avançar ainda muito mais. Vai depender das urnas de 2018.
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