Presidente
trata pandemia como jogo pelo poder e usa governo para buscar glórias
individuais
Jair
Bolsonaro nunca escondeu as razões de sua campanha para sabotar o combate ao
coronavírus. Ainda nas primeiras semanas da pandemia, o presidente foi ao
ataque contra governadores que implantaram medidas de restrição para conter a
doença e disse estar no meio do que chamou de "luta pelo poder".
"É
essa a preocupação que eu tenho. Se a economia afundar, afunda o Brasil. Se
afundar a economia, acaba com meu governo", disse à rádio
Bandeirantes, em março de
2020.
Quase nada mudou desde então. Enquanto brasileiros morrem aos milhares a cada semana, o presidente continua tratando a pandemia como um jogo político. Na sexta (26), em visita ao Ceará, Bolsonaro disse que "o povo não consegue mais ficar dentro de casa" e culpou seus adversários ("esses que fecham tudo e destroem empregos").
Essa
politicagem barata é alimentada pela vaidade doentia do presidente. Bolsonaro
foi capaz de transformar um assunto crítico como a busca pela vacina numa
contenda particular: para desviar os holofotes do rival João Doria, ele adiou a
compra da Coronavac e até comemorou o suicídio de um voluntário dos testes do
imunizante.
A
mesma lógica submete o país ao messianismo mortífero de Bolsonaro. Em busca de
glória, o presidente mobiliza a máquina do governo para fabricar curas
milagrosas que possam levar seu nome. Assim, desperdiça tempo e dinheiro atrás
da cloroquina e do spray nasal israelense —ambos sem eficácia comprovada.
Além
do político e da vaidade, os brasileiros também são reféns da perversidade
delirante do capitão. Bolsonaro é um dos únicos líderes do mundo que produzem
aglomerações inúteis e investem contra medidas básicas de proteção.
Na última semana, ele voltou a fazer propaganda de supostos "efeitos colaterais" do uso de máscaras, com base numa enquete alemã de baixo rigor científico. Autoridades sanitárias, porém, insistem que o equipamento de proteção é essencial. As atitudes de Bolsonaro custam vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário